Zolarmoon lançou uma história no
Twitter (da qual escapou ilesa), mas que afinal aconteceu mesmo.
Uma história "louca"
que começou no Twitter sobre redes de tráfico e prostituição e espantou milhões
de leitores aconteceu mesmo. O Washington Post descobriu os verdadeiros
pormenores do caso.
Circulou no Twitter, na semana
passada, uma história épica lida por milhões de pessoas, em que uma mulher de
19 anos, residente em Detroit, descreve uma viagem “louca” de fim de semana com
uma mulher que mal conhecia e que quase acabou mal. Mas a dúvida que se
instalou foi: será a história verdadeira?
Aziah Wells (Aziah King, no
Twitter, @_zolarmoon), conta que pensou ir apenas dançar para um clube de strip
em Tampa, quando se viu no meio de um conjunto de situações macabras, desde um
tiroteio (que não aconteceu na verdade), a um cenário de prostituição, rapto,
tentativa de suicídio e tráfico. Uma história que parecia inventada, mas que
afinal aconteceu mesmo. E que apesar de ter outros contornos é ainda mais
surpreendente, conta o Washington Post.
“A história selvagem de Zola”.
Foi o título da cantora e produtora Missy Elliott ao ler a história de Aziah
Wells. “Acabei de ler tudo como se estivesse a ver um filme no Twitter”,
acrescentou. Um filme real e não de ficção. Porque o Washington Post conseguiu
comprovar bastantes pormenores da saga de Wells, incluindo a existência do
homem de que ela fala na história e que pode estar mesmo a ser julgado por
assaltos, crimes sexuais e tráfico de mulheres.
That Zola story wild🙀
ended up reading the whole thing like I was watching a movie on Twitter😁
— Missy Elliott (@MissyElliott)
October 30, 2015
O Washington Post decidiu fazer
uma investigação mais profunda da história de Zola, entrevistando os
protagonistas: Jessica Swiatkowski, o seu ex-namorado Jarrett Scott e a polícia
envolvida na investigação. Eis o que descobriu sobre o que aconteceu realmente
em Tampa:
Aziah Wells (Zola) conheceu
realmente Jessica e o seu amigo Rudy em Detroit. Todos decidiram alinhar no fim
de semana para Tampa: as duas raparigas, o ex-namorado de Jessica e Rudy (o
suposto manager das raparigas) cujo nome verdadeiro é Akporode Uwedjojevwe. O
objetivo era dançar nos vários clubes de strip de Tampa e ganhar muito dinheiro
com isso.
E é aqui que começam os problemas
com Rudy, “Z”, o manager.
Aziah contou no Twitter que Rudy
lhe roubou o telemóvel e lhe criou um perfil numa página de prostitutas, na
qual também já aparecia Jessica. “Z” ter-se-á tornado violento a certa altura
com Jessica, reservando-lhe vários clientes e roubando-lhe todo o dinheiro,
depois. E terá também intimidado Scott, o amigo, ameaçando bater-lhe durante
todo o fim de semana. Foi nessa altura que Aziah (Zola) percebeu que alguma
coisa estava mesmo errada.
Mas quem é este Rudy? É Akporode
Uwedjojevwe, também conhecido por “Z”, o homem que foi preso no Nevada, acusado
de tráfico de mulheres, agressões sexuais, assalto, mas não por homicídio como
a história de Zola relatava inicialmente. O Washington Post descobriu que Rudy
já tinha tentado antes este esquema com outras mulheres e com a ajuda de
Jessica Swiatkowski. O esquema era simples: levar as mulheres a acreditar que
podiam ganhar muito dinheiro a dançar em clubes de strip, tentando, depois,
levá-las para o mundo da prostituição.
Segundo o Washington Post ele já
havia aliciado antes duas mulheres, Jessica Forgie e Pella. Rudy chegou até
elas através de Jessica Swiatkowsky. Ambas explicaram à polícia que Rudy exigiu
que elas criassem um perfil na página de prostituição e que nessa altura
perceberam que algo estava errado. Forgie esclareceu que implorou a Rudy para
que a deixasse ir embora e que estava hospedada num hotel em Peppermill, na
Virginia, quando Rudy a tentou agredir sexualmente.
Os registos policiais revelam que
Rudy foi preso horas depois na South Virginia Street, perto de Peppermill. As
duas mulheres acreditam que Rudy e Jessica eram cúmplices no esquema, embora ela
tenha negado tudo ao Washington Post.
Aziah King (Zola) terá escapado a
este esquema de Rudy a tempo, mas o mesmo não aconteceu às outras duas
mulheres, Forgie e Pella, que se viram envolvidas num cenário de agressões e
que confirmam a veracidade da história. A polícia confirmou que foram ouvidas e
encaminhadas, na altura, para a unidade dos serviços de apoio às vítimas.
A história de Zola gerou muitas
críticas, tendo sido acusada de estar a mentir e de ter inventado tudo.”A
reação das pessoas à história de Wells mostra como a vida da prostituição é tão
pouco conhecida”, revela a diretora de um projeto ligado à prostituição, Sienna
Baskin. “As prostitutas experimentam um elevado nível de violência, em grande
parte pelo estigma relacionado com o que fazem”, acrescentou, explicando que na
maioria das vezes as mulheres têm dificuldade em procurar ajuda.
“As pessoas pensam que esta
história é falsa, mas precisam de ter uma mente aberta”, disse Pella. “As
coisas que vemos na televisão às vezes acontecem mesmo, são reais (…) aconteceu
comigo”, acrescentou.
Fonte: http://observador.pt/
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