segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Testes precoces e comportamentos seguros ainda são desafios para o combate ao HIV/Aids

Membros da Conferência dos Bispos do Brasil lançam campanha de combate e prevenção do HIV/Aids.
Foi divulgado recentemente pela Unaids (Programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids), uma pesquisa que revela o aumento no número de pessoas infectadas com o vírus da Aids no Brasil. Estima-se que 734 mil pessoas estejam contaminadas no país sul-americano.


Enquanto os números de novos casos de Aids está diminuído no mundo, no Brasil, preocupa o número de novos infectados, principalmente entre os jovens de 15 a 19 anos. Nesta faixa etária, entre 2004 a 2013, houve um aumento de 53% de novos casos, como mostra o relatório anual da Unaids.

Procurada pela Adital a Pastoral da Aids comentou os altos índice de contaminações pelo HIV/Aids no país, "A Pastoral tem se dedicado intensamente a desenvolver ações de informação e esclarecimento para toda a população sobre a epidemia do HIV e Aids. Tem feito esforço para levar orientação sobre o teste rápido de HIV e desenvolvido campanhas permanentes de prevenção” explica o assessor nacional da Pastoral da Aids, Frei Luiz Carlos Lunardi.

"Muito se tem conquistado em termos de controle da epidemia de Aids, mas ainda não é o suficiente” ressalta Lunardi. O Brasil disponibiliza, gratuitamente, medicamentos para a Aids, tem toda logística de exames e acompanhamento das pessoas infectadas com o vírus HIV.


No Brasil, segundo o assessor, há muito conhecimento sobre a doença, como se transmite; como proceder para evitar o contágio; maneiras de controlar o efeito do vírus no organismo. "O grande desafio, porém, é fazer com que as pessoas estabeleçam comportamentos seguros e que conheçam precocemente sua sorologia” afirma Lunardi.

A Pastoral da Aids vem investindo em ações de informação e formação para a prevenção, com campanhas permanentes, além do trabalho voltado para a promoção e o cuidado das pessoas que já são portadoras do HIV. Mantém seus agentes permanentemente articulados e subsidiados com materiais atualizados e seguros, para que multipliquem informação e conhecimento, e sensibilizem a população para o engajamento na luta contra a Aids.

Para ações de controle social, a Pastoral acredita que é fundamental investir recursos nas políticas públicas de combate à Aids, nas três esferas do governo: federal, estaduais e municipais. "É fundamental ter programas de prevenção e acompanhamento permanentes e continuados. Os agentes da Pastoral da Aids são formados e qualificados para participarem e contribuírem a partir dos Fóruns de ONGs Aids, Comissões de DST/Aids e Conselhos de Saúde, para que as políticas sejam formuladas e que os recursos para o controle da epidemia e para o atendimento das pessoas infectadas sejam garantidos” comenta Carlos Lunardi.

A Pastoral acredita ainda que o que falta nas políticas públicas são investimentos em programas permanentes de prevenção. Outro aspecto que, hoje, seria frágil é o subsídio para as organizações da sociedade civil, que atingem públicos específicos e que contribuem fazendo o trabalho que, muitas vezes, o Estado não consegue e indo onde a rede de saúde não consegue ir.

O Brasil se comprometeu em atingir a meta da ONU em combater o HIV até 2020. Esta meta tem como horizonte acabar com a epidemia da Aids. O objetivo do chamados 90-90-90 é ter uma doença em níveis controlados. Testar 90% das pessoas, tratar 90% das que forem testadas e diagnosticadas com infecção pelo HIV e tornar, por meio do tratamento, o vírus indetectável, em nível controlado em 90% dos testados e tratados.

"Uma das dificuldades da epidemia da Aids é que as pessoas descobrem tardiamente a infecção, buscando ajuda quando o sistema imunológico já está comprometido, acometido de doenças oportunistas, o que encarece o tratamento, dificulta o acompanhamento e aumenta a possibilidade de óbitos. Fazer o teste precocemente tem inúmeras vantagens” explica Lunardi.

Muitas das pessoas infectadas só buscam ajuda quando a doença se manifesta, "Não temos ainda a cultura da prevenção. O que precisaria ser feito é mudar esta cultura, fazendo com que as pessoas desenvolvam uma cultura de prevenção, de cuidado preventivo com a saúde, realizando exames periódicos, principalmente do HIV que, hoje, está disponível em toda a rede pública de saúde, é sigiloso, rápido e gratuito” comenta o assessor da Pastoral da Aids.

O tratamento da Aids no Brasil virou referência no mundo todo. Cerca de 61% das pessoas infectadas são tratadas no país, uma média bem acima da média global, que é de 41%. O Brasil tem medicamentos ARV (Antirretrovirais) disponíveis e gratuitos, que conseguem dar uma boa qualidade de vida às pessoas portadoras do HIV.

"O que precisaria ser feito é convencer todos a fazerem o teste de HIV precocemente, e os portadores do vírus a aderirem ao tratamento. Isto impediria a cadeia de transmissão” alerta Carlos Lunardi.

Fonte: Adital

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