Um grupo de estudantes da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi flagrado tendo uma atitude, ao
menos, machista ao minimizar o estupro e ao não tratá-lo como crime. Em um bar
na Savassi, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, na noite desse sábado (20),
a turma cantava “não é estupro, é sexo surpresa”, dentre outras frases
sexistas.
Incomodadas com a situação, duas
amigas que estavam no local preferiram se retirar. Como desabafo, a estudante
de mestrado em direito, Luísa Turbino, 23, usou o Facebook para compartilhar
com seus amigos a cena que teria presenciado.
Hoje o [nome do estabelecimento o
fato ocorreu] foi dominado por uma turma de idiotas, componentes da Bateria da
Engenharia da UFMG (que vergonha!), que em coro cantavam: “Não é estupro, é sexo
surpresa”, dentre outras imbecilidades machistas, misóginas e homofóbicas.
Mais triste ainda foi ver
mulheres envolvidas na cantoria. E mais triste ainda perceber que ninguém mais
se sentiu incomodado. É preciso mesmo repensar o papel da universidade,
sobretudo as instituições publicas. Acho um absurdo SEM FIM uma UFMG da vida
ser conivente com esse tipo de comportamento, que ocorre não somente dentro da
universidade, mas muitas vezes EM NOME da universidade. Mais absurdo ainda
quando a universidade indiretamente (mas não sem consciência) contribui para
que esses episódios aconteçam quando, por exemplo, emprestam sua estrutura
física para o “ensaio”. Triste, lamentável. Confesso que não soube como agir (e
talvez nenhuma reação valeria a pena diante de um bando de playboys bêbados).
Mas fica no coração a esperança de que a luta jamais termine e que o futuro
seja um lugar melhor.
A publicação já teve 440 curtidas
e foi compartilhada 38 vezes. “A gente fica entristecida ao saber do que as
pessoas são capazes de falar”, desabafou Luísa, que lembra ter contado de 30 a
40 pessoas participando da cantoria, muitos deles utilizando camisas da Bateria
Engrenada da Associação Atlética da Escola de Engenharia da UFMG.
“Não era um comportamento que eu
esperava de alunos de uma instituição federal, bancada por todos os
brasileiros. Foi, no mínimo, inconveniente”, afirmou a analista internacional
Marcela Linhares, 23, que também estava no bar.
Pela rede social, muitas pessoas
se mostraram indignadas com a história e repudiaram o ato. “Pois é.. sabedoria
e valores são coisas que não se conquistam na faculdade. Tenho é pena da
ignorância e dessa moda do politicamente incorreto”, comentou uma internauta.
“Nojo. Só isso. Que nojo!”, disse outra.
Segundo o capitão da bateria, Bruno
Saúde, a banda fez uma apresentação no sábado e depois disso, alguns
integrantes realmente teriam ido ao bar. Ele não negou que as palavras de ordem
tenham sido gritadas, mas garantiu que o ato é isolado e que a música não faz
parte do repertório da bateria.
“Eu fiquei sabendo disso e foi
uma coisa interna, do grupo deles que estava lá, que não representa a bateria.
Como tinham pessoas com a camisa da bateria junto, o nome foi associado. De
forma alguma essa música pertence ao repertório da bateria. Ela não foi criada
pela bateria, ela não é tocada pela bateria”, enfatizou. Saúde ainda frisou que
a Bateria Engrenada é contra qualquer tipo de música ofensiva.
Por meio de sua assessoria de
imprensa, a UFMG informou que “desaprova qualquer tipo de comportamento
discriminatória, seja ele de caráter machista, sexista, racista, homofóbico,
entre outros, que desrespeitem a dignidade humana”. Em maio deste ano, a
universidade divulgou uma resolução, aprovado pelo conselho universitário da
instituição, na qual proíbe os trotes estudantis.
Fonte: O Tempo
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