segunda-feira, 26 de maio de 2014

CPI recebe dossiê com 40 denúncias de exploração sexual no Amazonas

Mais 40 denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes, além das já existentes, em seis municípios do Amazonas, compõem o ‘Dossiê do Amazonas’, do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH-AM/RR), entregue dia 5 de maio à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia da Câmara dos Deputados. 


A presidente da CPI, Érika Kokay (PT-DF), confirmou o recebimento do dossiê e disse que, na próxima semana, apresentará o relatório final das investigações sobre exploração de crianças e adolescentes no Estado. O encerramento da CPI está previsto para o dia 22 de junho.

De acordo com Souto, Autazes, Barreirinha, Parintins, São Gabriel da Cachoeira, Tefé e São Paulo de Olivença são municípios onde foram identificados os focos de prostituição infantil; além de Coari, Barcelos e Maués que já eram alvo de investigação da CPI da Pedofilia.

A última denúncia, conforme o conselheiro, chegou há 20 dias, com casos de pedofilia em uma área de garimpo em São Paulo de Olivença. “Um barco que transporta combustível até o garimpo, leva duas vezes por semana, aproximadamente, 17 meninas para se prostituírem no local”, disse.

Em Autazes, segundo Souto, uma agência de turismo americana cobra R$ 12 mil para trazer turistas de pesca esportiva para o município. “Durante a excursão, os americanos visitam a área indígena, encostam o barco na beira e apontam para o aliciador a ‘vítima’. Se a menina é ‘bonitinha’, ela é explorada sexualmente por R$ 20 ou até mesmo uma fruta. As mais ‘feinhas’ trabalham no barco em serviços gerais”.

A denúncia está sendo investigada pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM), no processo 0006.327-13.2011.4.01.3200, e por autoridades americanas. De acordo com o conselheiro, a Fundação Nacional do Índio (Funai) também é investigada por facilitação da exploração sexual em reserva indígena.

Na capital, Souto informa que o MNDH acompanha denúncias das rifas de prostituição de meninas na Feira da Manaus Moderna, Centro, e do assédio sexual dos meninos do futebol. “Hoje, temos no Programa de Proteção às Vítimas e Testemunhas uma família, duas crianças e mais de 20 pessoas ameaçadas de morte, coagidas e perseguidas”, afirmou.

Baixo Amazonas

O Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH-AM/RR) está apurando a morte da adolescente Tais Jordana de Souza Costa, 16, encontrada em um motel no Centro de Manaus, vítima de overdose, em 2012. A menina, de Barreirinha, segundo Souto, fazia parte de uma rede de prostituição no Baixo Amazonas. “Estas adolescentes são levadas de Barreirinha para se prostituírem em Parintins, em ‘orgias políticas’”, disse.

Souto informou que, em janeiro deste ano, a família de Tais procurou o MNDH para denunciar a suspeita de assassinato da garota. Em 2012, segundo a avó da adolescente, ela buscou o Conselho Tutelar de Parintins para apontar o esquema de prostituição. O caso foi encaminhado ao Conselho Tutelar de Barreirinha e não teve acompanhamento, conforme Souto.  “Na próxima semana, o caso será entregue ao MP-AM e solicitaremos, inclusive, a exumação do corpo”, informou.

Disque 100

Balanço divulgado, nesta semana, pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), informou que este ano foram registradas até abril, no Amazonas, 65 denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes no Disque 100. Em 2013, foram 211.

O baixo índice de denúncias de exploração no Estado é avaliado pela procuradora-chefe do Ministério Público do Trabalho 11ª Região, Alzira Melo, como fatores cultural e econômico.

“Existe no Amazonas uma aceitação muito grande dessa prática ilegal. Virou quase um costume esse crime, que prejudica e incentiva a iniciação prematura sexual de crianças e adolescentes em troca de presentes e eletrônicos”, disse.

Fonte: http:www.d24am.com

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