As cinco cidades brasileiras que lideram o ranking da
exploração sexual de crianças e adolescentes e mais seis capitais receberão nos
próximos dias a campanha "Não é curtição, é exploração sexual contra
crianças e adolescentes", lançada pelo Instituto Promundo. A
iniciativa quer combater ideias machistas que naturalizam o sexo com menores de
idade.
Segundo a Secretaria de Direitos Humanos, Rio de Janeiro,
São Paulo, Salvador, Fortaleza e Natal são as capitais em que o problema é mais
crítico, e, além delas, a campanha passará por Curitiba, Brasília, Porto
Alegre, Belo Horizonte, Manaus e Recife.
"A gente parte de alguns mitos associados à
masculinidade, que fazem, por exemplo, com que homens achem que estão ajudando
uma criança quando têm relações sexuais pagas com ela. Partimos de uma pesquisa
e os resultados mostram como muitos homens percebem o seu papel na sociedade, e
como isso reforça a exploração sexual. Muitos não enxergam isso como um
crime", explicou a coordenadora de projetos do Instituto Promundo, Vanessa
Fonseca.
A pesquisa, feita em 2012 pelo próprio instituto, questionou
qualitativamente os entrevistados em Florianópolis, São Paulo e Itaperuna (RJ)
e quantitativamente no Rio de Janeiro e em Natal. A pesquisa qualitativa
concluiu que há uma crença de que os homens recorrem com maior frequência à
prostituição por terem uma tendência natural de satisfazer seus desejos, apesar
de considerarem isso degradante.
Já o levantamento quantitativo revelou que, dos 602
entrevistados no Rio, 77% acham comum o sexo com "prostitutas menores de
idade” e consideram que seja algo que todos os homens fazem ao menos uma vez na
vida. Em Natal, 83% concordam com a primeira afirmativa, e 69% com a segunda.
Nas duas cidades, cerca de 70% dos homens e 80% das mulheres acham que a
"escolha é da 'prostituta'", no caso, a criança ou a adolescente.
Por outro lado, a pesquisa quantitativa mostrou que 91% dos
homens ouvidos no Rio de Janeiro acham que a prostituição de menores deve ser
proibida, e 89% concordam que os homens que fazem sexo com crianças ou
adolescentes devem ser penalizados. Em Natal, as porcentagens de respostas positivas
para as mesmas perguntas foram 79% e 87%.
A campanha foi lançada durante seminário sobre o assunto,
promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
Durante o evento, a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Ideli Salvatti,
destacou a importância da rede de combate à exploração sexual de menores
funcionar articuladamente durante a Copa do Mundo e afirmou que esse pode ser
um dos maiores legados do evento.
"Tem muito questionamento a respeito da Copa. Muitas
vezes, as pessoas querem um legado de concreto, ferro e aço, mas um dos legados
mais importantes é essa articulação entre as instituições dos governos
estaduais, federais e municipais".
Ideli comemorou o fato de o Estatuto do Estrangeiro proibir
a entrada de envolvidos em pedofilia no Brasil, a partir de uma portaria
publicada na última semana. Como os dados usados para permitir ou não a entrada
de estrangeiros terão como base informações da Interpol e do banco de dados do
Disque 100 (que recebe denúncias de abuso contra menores), a ministra acredita
que a regra estará em pleno funcionamento durante a Copa. "Não interessa
ao país receber esse tipo de turista, ele não é bem-vindo. Ele não fará
bem", disse.
Fonte: Agência Brasil
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