A Polícia moçambicana abortou uma tentativa de tráfico de
quatro mulheres e uma criança de quatro meses, supostamente para alimentar uma
rede de prostituição no Zimbabué.
Em declarações à Lusa, Vasco Matusse, porta-voz do comando
da polícia em Manica, disse que as mulheres, com idades entre 20 e 24 anos,
foram aliciadas com "empregos chorudos" para se deslocarem da Beira
(Sofala) para Chimoio (Manica) e posteriormente para a fronteira.
A polícia prendeu um suspeito, de 24 anos, que, segundo a
polícia, recrutou as mulheres, desempregadas, em bairros periféricos da cidade
da Beira, e levou-as, em transportes semicoletivos, até à vila de Manica, para
atravessar a fronteira.
"O jovem pretendia levar as mulheres, no dia 11 de
março, ilegalmente para o Zimbabué. Segundo ele próprio, teria sido contratado
para as levar e alguém as receberia naquele país", precisou Vasco Matusse.
As mulheres foram encontradas a pernoitar numa sala de aula
de uma escola pública no distrito de Manica, perto da fronteira de Machipanda,
a principal entre Moçambique e o Zimbabué, onde teriam sido mandadas aguardar, para
o contacto com o alegado mandante.
"Apelamos a que as pessoas aceitem promessas de emprego
que cumpram formalidades com requisitos claros", sublinhou Vasco Matusse,
adiantando que as mulheres regressaram às suas famílias e um processo-crime foi
aberto contra o alegado traficante.
Fonte: Agência Lusa
Prostitutas arriscam
a vida por poucos dólares em Moçambique
Em Moçambique, um dos países mais pobres do planeta e que
tem 18% da sua população infectada com o vírus da aids - um dos índices mais
altos do mundo -, prostitutas arriscam suas vidas diariamente porque muitos de
seus clientes se negam a usar preservativos.
"Quando pedimos aos clientes para usarem preservativo,
alguns aceitam, mas outros não querem nem ouvir", disse à EFE uma
prostituta de Maputo, capital de Moçambique.
Os estrangeiros pagam cerca de US$ 20 pelo programa, mas os
moçambicanos não costumam pagar mais que o equivalente a US$ 6 - valor que,
fora da capital, cai para até US$ 2.
Em Maputo, o comércio do sexo começa no fim da tarde. As
avenidas Olof Palme, Juluys Nyerere, Kennet Kaunda e 24 de Julho ficam cheias
de prostitutas, algumas beirando os 14 anos, que em muitos casos migram para a
capital vindas de regiões remotas do país.
A prostituição não tem legislação específica em Moçambique,
mas o sexo como comércio não é proibido.
Os principais clientes são os marinheiros que chegam a
Maputo: segundo Matilde Jorge Ntavasse, de 24 anos, eles pagam três ou quatro
vezes mais que os moçambicanos.
"Os moçambicanos não têm palavra, porque algumas vezes
nos levam para a cama e depois não querem pagar os 150 mil meticais que
cobramos (equivalentes a US$ 6)", se queixa Matilde.
Apesar das autoridades declararem a aids como uma
"emergência nacional", as precauções são mínimas, e sempre dependem
de quanto o cliente está disposto a pagar - com preservativo ou sem.
"Tive vários clientes que ofereceram um valor maior
para não usar preservativo, e não tive outro remédio se não aceitar, porque
precisava do dinheiro", diz uma prostituta que preferiu não se identificar.
"Sei que representa um grande risco para mim, mas a
pobreza...", acrescenta.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 18% dos moçambicanos
estão infectados com o vírus da aids, uma das taxas mais altas do mundo.
O país tem 18 milhões de habitantes e, segundo dados da ONU,
69,4% da população vive abaixo da linha da pobreza.
O vice-diretor executivo do Conselho Nacional do Combate à
Aids, Diogo Milagre, reconhece os riscos aos quais as prostitutas se expõem ao
oferecerem sexo sem proteção, mas afirma que a maioria delas não quer sair da
pobreza, mas apenas ter acesso a alguns luxos.
"Elas se prostituem porque querem dinheiro para comprar
um celular ou roupas", disse Milagre, que calcula que duas em cada três
prostitutas se enquadram neste perfil.
As mulheres negam buscar luxo, e afirmam que se trata de uma
questão de sobrevivência.
"Eu vivo disso há dez anos porque não há
trabalho", diz Maria José, de 30 anos, que oferece seu corpo diariamente
nas proximidades do Hotel Polana, o mais luxuoso de Maputo.
Maria José conta que alguns dos clientes aos quais elas
pedem para usar o preservativo se fazem de surdos e "penetram sem
proteção". "Que posso fazer?", pergunta a prostituta, mãe de um
filho de sete anos cuja paternidade não é conhecida.
Para Maria José, tempo é dinheiro. E para conhecer sua
história, o jornalista da EFE teve de pagar o equivalente a US$ 6.
"Vou gastar meu tempo com você e perder clientes",
disse.
Fonte: EFE
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