terça-feira, 18 de março de 2014

Polícia moçambicana aborta alegado tráfico de mulheres para prostituição no Zimbabué

A Polícia moçambicana abortou uma tentativa de tráfico de quatro mulheres e uma criança de quatro meses, supostamente para alimentar uma rede de prostituição no Zimbabué.

Em declarações à Lusa, Vasco Matusse, porta-voz do comando da polícia em Manica, disse que as mulheres, com idades entre 20 e 24 anos, foram aliciadas com "empregos chorudos" para se deslocarem da Beira (Sofala) para Chimoio (Manica) e posteriormente para a fronteira.

A polícia prendeu um suspeito, de 24 anos, que, segundo a polícia, recrutou as mulheres, desempregadas, em bairros periféricos da cidade da Beira, e levou-as, em transportes semicoletivos, até à vila de Manica, para atravessar a fronteira.

"O jovem pretendia levar as mulheres, no dia 11 de março, ilegalmente para o Zimbabué. Segundo ele próprio, teria sido contratado para as levar e alguém as receberia naquele país", precisou Vasco Matusse.

As mulheres foram encontradas a pernoitar numa sala de aula de uma escola pública no distrito de Manica, perto da fronteira de Machipanda, a principal entre Moçambique e o Zimbabué, onde teriam sido mandadas aguardar, para o contacto com o alegado mandante.

"Apelamos a que as pessoas aceitem promessas de emprego que cumpram formalidades com requisitos claros", sublinhou Vasco Matusse, adiantando que as mulheres regressaram às suas famílias e um processo-crime foi aberto contra o alegado traficante.

Fonte:  Agência Lusa


Prostitutas arriscam a vida por poucos dólares em Moçambique

Em Moçambique, um dos países mais pobres do planeta e que tem 18% da sua população infectada com o vírus da aids - um dos índices mais altos do mundo -, prostitutas arriscam suas vidas diariamente porque muitos de seus clientes se negam a usar preservativos.
"Quando pedimos aos clientes para usarem preservativo, alguns aceitam, mas outros não querem nem ouvir", disse à EFE uma prostituta de Maputo, capital de Moçambique.
Os estrangeiros pagam cerca de US$ 20 pelo programa, mas os moçambicanos não costumam pagar mais que o equivalente a US$ 6 - valor que, fora da capital, cai para até US$ 2.
Em Maputo, o comércio do sexo começa no fim da tarde. As avenidas Olof Palme, Juluys Nyerere, Kennet Kaunda e 24 de Julho ficam cheias de prostitutas, algumas beirando os 14 anos, que em muitos casos migram para a capital vindas de regiões remotas do país.
A prostituição não tem legislação específica em Moçambique, mas o sexo como comércio não é proibido.
Os principais clientes são os marinheiros que chegam a Maputo: segundo Matilde Jorge Ntavasse, de 24 anos, eles pagam três ou quatro vezes mais que os moçambicanos.
"Os moçambicanos não têm palavra, porque algumas vezes nos levam para a cama e depois não querem pagar os 150 mil meticais que cobramos (equivalentes a US$ 6)", se queixa Matilde.
Apesar das autoridades declararem a aids como uma "emergência nacional", as precauções são mínimas, e sempre dependem de quanto o cliente está disposto a pagar - com preservativo ou sem.
"Tive vários clientes que ofereceram um valor maior para não usar preservativo, e não tive outro remédio se não aceitar, porque precisava do dinheiro", diz uma prostituta que preferiu não se identificar.
"Sei que representa um grande risco para mim, mas a pobreza...", acrescenta.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 18% dos moçambicanos estão infectados com o vírus da aids, uma das taxas mais altas do mundo.
O país tem 18 milhões de habitantes e, segundo dados da ONU, 69,4% da população vive abaixo da linha da pobreza.
O vice-diretor executivo do Conselho Nacional do Combate à Aids, Diogo Milagre, reconhece os riscos aos quais as prostitutas se expõem ao oferecerem sexo sem proteção, mas afirma que a maioria delas não quer sair da pobreza, mas apenas ter acesso a alguns luxos.
"Elas se prostituem porque querem dinheiro para comprar um celular ou roupas", disse Milagre, que calcula que duas em cada três prostitutas se enquadram neste perfil.
As mulheres negam buscar luxo, e afirmam que se trata de uma questão de sobrevivência.
"Eu vivo disso há dez anos porque não há trabalho", diz Maria José, de 30 anos, que oferece seu corpo diariamente nas proximidades do Hotel Polana, o mais luxuoso de Maputo.
Maria José conta que alguns dos clientes aos quais elas pedem para usar o preservativo se fazem de surdos e "penetram sem proteção". "Que posso fazer?", pergunta a prostituta, mãe de um filho de sete anos cuja paternidade não é conhecida.
Para Maria José, tempo é dinheiro. E para conhecer sua história, o jornalista da EFE teve de pagar o equivalente a US$ 6.
"Vou gastar meu tempo com você e perder clientes", disse.


Fonte: EFE

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