Morreu, na noite de terça-feira, Valdete da Silva Cordeiro,
fundadora do Grupo Cultural Meninas de Sinhá. Mais conhecida como Dona Valdete,
a líder comunitária de 75 anos estava internada no Hospital Risoleta Neves
desde o dia 3 de janeiro, quando os médicos constataram uma complicação no
sistema circulatório de uma das pernas. Ela chegou a passar por uma cirurgia.
Na terça, Dona Valdete sofreu um acidente vascular cerebral
(AVC) e não resistiu. Natural de Barra (BA), ela deixa marido, quatro filhos,
16 netos e quatro bisnetos. O velório foi
realizado no Cemitério da Saudade.
O grupo Meninas de Sinhá foi criado em meados da década de
1990 no Alto Vera Cruz, na Região Leste de Belo Horizonte. Ao ver senhoras
saindo do centro de saúde da comunidade com sacolas cheias de medicamentos para
hipertensão, depressão, entre outras doenças, Dona Valdete começou um trabalho
de convidar essas pessoas para se reunirem e conversar. A ideia era entender a
situação delas e o que levava cada uma a tomar tantos medicamentos. O grupo foi
crescendo e começaram a dançar e cantar, além da famosa prosa. Há cerca de 20
anos, as mulheres se reúnem para cantar, dançar e relembrar a infância, a
história e a cultura.
Conhecido em várias partes do Brasil e do mundo, o Meninas
de Sinhá, têm dois discos com repertório de cantigas de roda e cirandas,
tradicionais e autorais. O primeiro CD, Tá caindo fulô, foi lançado em 2007
seguido de Na roda da vida, de 2011. Em 2014, o grupo que tem 29 integrantes e
dois músicos lançaria um DVD registrando sua trajetória. O show de gravação,
que seria realizado no dia 5 de janeiro, foi adiado devido à complicações na
saúde de Dona Valdete. Ainda não há nova data.
As jovens senhoras são conhecidas em vários partes do país.
Elas ganharam, inclusive, o prêmio Tim de música, na categoria Grupo Regional,
além do prêmio Aval do Rival Petrobras de Música.
Na página do grupo no Facebook, diversas pessoas deixaram
mensagens de consolo à família. A frase: “hoje o céu vai encher de fulô”
aparece escrita em uma foto em que Valdete está sorrindo.
Repercussão
O produtor cultural, Guilardo Veloso, lamentou a morte de
Valdete. “Eu morei no Alto Vera Cruz na década de 1980. Ela era uma pessoa
sensível, que ajudava todo mundo. Tudo que eu falar dela, ainda é pouco”,
disse. Veloso relatou ainda que nutria
uma amizade de mais de 20 anos com a integrante do grupo “Menina de Sinhá”.
De maneira leve, o também produtor cultural, Kuru Lima, da
Cria Cultura, falou da perda em sua página no Facebook. "Vamos encher de
alegria essa sua passagem D. Valdete! Sei que você está cantando e já fazendo
festa, chamando os tristes a sorrir, os doentes a se levantar, os sem esperança
a acreditar. Você é pura luz e sempre será lembrada assim. Obrigado por me
ensinar tantas coisas lindas", publicou.
O músico Renegado postou, na mesma rede social, uma foto sua
em companhia de Valdete. Na mensagem,
ele escreve que não há como agradecer os ensinamentos da amiga.
Confira o post na íntegra:
"Dizer adeus dói.
A morte não aceita oferenda nem propina, e sempre nós visita quando não estamos
preparados. Nós despedimos sem saber, dissemos #Adeus com beijos e sorrisos, não tenho
palavras agradecer, você sempre me estendeu a mão quando eu precisei, sempre me tratou como filho e ensinou
valores que vou levar comigo para todas as minhas vidas. Dona Valdete te amo.
Ta caindo flor, ta caindo flor lá no céu, cá na terra..."
Fonte: OTempo e Estado de Minas
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