A legalização pode
ajudar a melhorar o quadro, pois as trabalhadoras poderão contar com uma rede
de proteção, dependendo da dimensão que o mercado em questão atinja (planos de
saúde, previdenciários, auxílio-creche, auxílio-alimentação e etc).
Por Alessandre de Argolo
Comentário ao post "Militantes da Marcha Mundial das
Mulheres dizem que Jean Wyllys "desqualifica luta feminista""
Falta pouco para você começar a defender a esterilização em
massa das mulheres pobres.
O problema do desamparo social, da falta de perspectiva
econômica, da falta de planejamento familiar e etc, passa também, mas não
exclusivamente, por questões como a da clandestinidade da prostituição.
O quadro que você descreve, que acomete algumas mulheres nas
periferias, é influenciado por fatores outros, não relacionados ao que se deve
analisar em termos de legalização da atividade. Ao contrário, a legalização
pode ajudar a melhorar o quadro, pois as trabalhadoras poderão contar com uma
rede de proteção, dependendo da dimensão que o mercado em questão atinja
(planos de saúde, previdenciários, auxílio-creche, auxílio-alimentação e etc).
A prostituição, pela sua natureza, poderá ser exercida como profissão liberal
ou com vínculo empregatício. E aí toda uma gama de situações se abre no
horizonte. Quanto mais competente a prostituta, quando mais reunir as aptidões
necessárias, maior o sucesso na profissão. Será como em outras áreas.
É justamente isso, essa equiparação, que choca as pessoas,
do mesmo jeito que deve chocar quando elas pensam na possibilidade de estarem
numa restaurante e, na mesa ao lado, dois homossexuais masculinos estarem se
beijando. Falo homossexuais masculinos de propósito, porque choca mais a
sociedade machista brasileira. Muita gente se sente desconfortável em relação a
isso, do mesmo jeito que se sente desconfortável quando pensa na legalização da
prostituição. Imagina logo, por exemplo, uma criança na escola tendo que dizer
a profissão da mãe. Preconceitos, discriminações. É disso que se trata no fim
das contas.
O que você fala de mulheres pobres, solteiras, analfabetas e
etc, desamparadas, com muitos filhos, acontece em muitos outros casos e não
depende exatamente do que elas fazem para ganhar a vida. A mulher do teu
exemplo poderia ser uma empregada doméstica explorada pelos patrões daquele
setor da classe média que costumeiramente não paga os direitos trabalhistas
como previstos em lei.
E alguns deles (não estou dizendo que é o teu caso), ainda
arrumam um tempinho para discursar na Internet contra a prostituição, enquanto
atividade opressora da mulher.
C'est la vie...
Fonte: www.jornalggn.com.br
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