terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A questão da regulamentação da prostituição e o desamparo social

A legalização pode ajudar a melhorar o quadro, pois as trabalhadoras poderão contar com uma rede de proteção, dependendo da dimensão que o mercado em questão atinja (planos de saúde, previdenciários, auxílio-creche, auxílio-alimentação e etc).

Por Alessandre de Argolo
Comentário ao post "Militantes da Marcha Mundial das Mulheres dizem que Jean Wyllys "desqualifica luta feminista""

Falta pouco para você começar a defender a esterilização em massa das mulheres pobres.

O problema do desamparo social, da falta de perspectiva econômica, da falta de planejamento familiar e etc, passa também, mas não exclusivamente, por questões como a da clandestinidade da prostituição.

O quadro que você descreve, que acomete algumas mulheres nas periferias, é influenciado por fatores outros, não relacionados ao que se deve analisar em termos de legalização da atividade. Ao contrário, a legalização pode ajudar a melhorar o quadro, pois as trabalhadoras poderão contar com uma rede de proteção, dependendo da dimensão que o mercado em questão atinja (planos de saúde, previdenciários, auxílio-creche, auxílio-alimentação e etc). A prostituição, pela sua natureza, poderá ser exercida como profissão liberal ou com vínculo empregatício. E aí toda uma gama de situações se abre no horizonte. Quanto mais competente a prostituta, quando mais reunir as aptidões necessárias, maior o sucesso na profissão. Será como em outras áreas.

É justamente isso, essa equiparação, que choca as pessoas, do mesmo jeito que deve chocar quando elas pensam na possibilidade de estarem numa restaurante e, na mesa ao lado, dois homossexuais masculinos estarem se beijando. Falo homossexuais masculinos de propósito, porque choca mais a sociedade machista brasileira. Muita gente se sente desconfortável em relação a isso, do mesmo jeito que se sente desconfortável quando pensa na legalização da prostituição. Imagina logo, por exemplo, uma criança na escola tendo que dizer a profissão da mãe. Preconceitos, discriminações. É disso que se trata no fim das contas.

O que você fala de mulheres pobres, solteiras, analfabetas e etc, desamparadas, com muitos filhos, acontece em muitos outros casos e não depende exatamente do que elas fazem para ganhar a vida. A mulher do teu exemplo poderia ser uma empregada doméstica explorada pelos patrões daquele setor da classe média que costumeiramente não paga os direitos trabalhistas como previstos em lei.
E alguns deles (não estou dizendo que é o teu caso), ainda arrumam um tempinho para discursar na Internet contra a prostituição, enquanto atividade opressora da mulher.


C'est la vie...
Fonte: www.jornalggn.com.br

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