O secretário de Estado do Interior, José Zau, denunciou a
existência de casos de tráfico de seres humanos no pais, nomeadamente na
província da Huila, com o envolvimento de cidadãos asiáticos.
Citou o caso do
ano passado, em que se descobriu que mulheres asiáticas estiveram na condição
de cárcere privado pela, entidade empregadora, que as trouxe para Angola, mas
que se descobriu tratar-se de uma rede de traficantes.
A actuação da Polícia nacional permitiu levar a tribunal os
acusados. Estas declarações foram feitas na abertura da exposição sobre o
tráfico de seres humanos, na Sexta-feira, 18, em Luanda.
Apesar de na altura a lei angolana não tipificar o crime de
tráfico de seres humanos como tal, o governante avançou que a acusação valeu-se
da figura do crime de cárcere privado para repor a legalidade.
Por outro lado, José Zau afirmou que ligados a algumas
igrejas implantadas no Norte do pais, nomeadamente nas províncias de Cabinda,
Uíge e Zaire, cidadãos da Republica Democrática do Congo, muitos dos quais já
se encontram detidos, esperando pelos respectivos julgamentos, foram indiciados
pelo crime de tráfico de menores e de mulheres, aliciados com ofertas de emprego
mas que acabam encarcerados em armazéns e lojas, em condições desumanas, de
onde são, posteriormente, transferidos para outras áreas do pais.
Na província do Cunene, Sul de Angola, há registos de
crianças que são exploradas como mão-de-obra barata na transportação de cargas
pesadas na área fronteiriça entre Angola e a Republica da Namíbia. “A situação
está controlada, apesar de o fenómeno ser novo em si, temos tido acções
coordenadas a nível da SADEC e outros parceiros. As nossas autoridades estão
atentas ao evoluir do fenómeno no território nacional, no que toca ao combate
deste fenómeno que a todos preocupa”, disse o governante.
Passado e presente
A exposição em cuja abertura O PAÍS ouviu José Zau, e que
decorre até Novembro, tem a organização do Museu da Escravatura, proporcionando
uma visão sobre o tráfico de seres humanos ao longo da história. O corte da
fita coube a vice governadora de Luanda, Judith Armando Pereira. Estiveram
presentes várias individualidades do Executivo angolano, com realce para os secretários
de Estado da Cultura, Cornelho Caley, e do Interior, José Zau.
O Secretario de Estado da Cultura, que representava a
ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, felicitou a direcção do Museu da
Escravatura pela coragem e iniciativa de organizar este evento possuidor de um
tema actual.
O governante afirmou que a exposição de tráfico de seres
humanos que decorre em simultâneo em vários Países do mundo como, Portugal,
Bruxelas, Gana, Brasil, com apoio dos governos e das agências de protecção dos
Direitos Humanos, destina-se promover a reflexão por parte de estudantes,
governantes, docentes universitários e membros da sociedade civil sobre o fenómeno.
Os desenhos expostos foram elaborados por estudantes do II
ciclo do ensino secundário do município
de Luanda, que conseguiram transmitir
em várias gravuras as múltiplas formas de escravatura que actualmente
toma novos contornos, considerada de
tráfico de seres humanos.
Cornélio Caley transmitiu a preocupação face ao fenómeno no
território nacional, tratando-se de u7m assunto típico de países pobres ou em
vias de desenvolvimento. Alertou a sociedade, sobretudo as populações dos meios
rurais, na sua maioria camponeses, qu, muita das vezes, no seu regresso à casa
deparam-se com o desaparecimento dos seus filhos ou membros das suas famílias.
Muitas das crianças raptadas são aliciadas por malfeitores que lhes prometem
algum dinheiro ou melhores condições de vida.
O local da exposição, construído de pladur , tem cinco
labirintos com curvas e contra-curvas para demostrar aos visitantes o
sofrimento em que as vitimas caem quando nas mãos dos traficantes, um mundo de onde dificilmente conseguem.
A exposição ficará patente na Marginal de Luanda até ao
próximo mês de Novembro. Entretanto, organização da exposição vai substituindo
as gravuras pelas de alunos de institutos médios da capital.
Este projecto internacional, que tem sede na Suíça, e que já
recebeu o apadrinhamento da Unesco, através das suas representações, como é o
caso de Angola, passará a ter realização anual, segundo Valdemiro Fortuna,
director do Museu da Escravatura, “No nosso pais a exposição passará a ser realizada
anualmente e a presente edição vai, nos
próximos dias, seguir para a região Sul de Angola, nomeadamente nas províncias
de Benguela, Huíla e Namibe, e posteriormente serão contempladas outras
províncias, sobretudo aquelas que fazem fronteira com os países vizinhos”.
Valdemiro Fortuna, director do museu da escravatura de
Angola, diz-se satisfeito com a adesão do público e garante que a exposição vai
ajudar e contribuir na educação e cultura dos jovens para que não se deixem
aliciar facilmente por traficantes.
O secretário de Estado do Interior, José Zau, considerou a
exposição uma oportunidade impar para as nossa população aprender mais sobre o
trafico de seres humanos, no sentido de ajudar as autoridades com denúncias,
fazendo recurso das varias linhas de denúncias já existentes, a fim de pôr
cobro a este fenómeno. Para o governante, o Ministério tem feito o seu trabalho
em parceria com a OIM e a Interpol, que são algumas das instituições
vocacionadas para a prevenção e combate deste fenómeno. Entretanto, “tem-se
garantido aos efectivos e especialistas ligados ao combate ao tráfico de seres
humanos e fluxos migratórios, vários seminários de capacitação, cursos e
informação diversa ao pessoal operativo, no sentido de se dar cobertura a este
mal.
Fonte: (Jacinto Figueiredo) http://www.opais.net/
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