Defensora dos pobres, protetora dos que sofrem, patrona dos oprimidos.
Segundo o dicionário Aurélio, a palavra Padroeira tem como
significado: defensor, protetor, patrono.
No dia 12 de outubro, o Brasil comemora a festa de Nossa Senhora
Aparecida, reconhecida como a padroeira de nosso país.
Defensora dos pobres, protetora dos que sofrem, patrona dos
oprimidos. Títulos como esses expressam a fé do povo na Senhora que traz uma
mensagem de libertação e de esperança.
Aos pés de Nossa Senhora Aparecida são colocados pedidos, rezam-se
orações, acendem-se velas, mostram-se olhares.
Sim, o olhar do povo que muitas vezes não sabe expressar o que quer
realmente dizer à Mãe Amorosa, mas sabe mostrar-se inteiro: é o coração do
homem no coração daquela mulher que soube acolher o Homem.
Nossa Senhora Aparecida nada mais é que uma das muitas faces
que Nossa Senhora mostra à humanidade.
Seu aspecto, retratado em sua imagem, é único, diferente de muitas outras
e quer nos mostrar o próprio retrato de nosso povo: povo mestiço, negro, os
traços toscos, simples. Tudo isso
envolvido por um manto azul: o céu, a esperança do paraíso, do Reino.
Nossa Senhora Aparecida assim se chama porque apareceu das
águas do rio Paraíba do Sul. Retirada do
rio pelas mãos de pescadores, logo se transformou na esperança daquela gente
simples e sofrida. Hoje, o Brasil lhe
tem devoção e lhe consagra os destinos de nossa pátria. Destino resumido em pequenos pedidos: dias
melhores, empregos, saúde, família, paz.
Maria Negra Aparecida
por Frei Betto
Lembro de um encontro de Comunidade Eclesial de Base, na
periferia de São Paulo, quando Tadeu, mecânico, comunicou que não participaria
da próxima reunião porque iria com a família à Aparecida. Houve quem torcesse o
nariz e estranhasse um adepto da Teologia da Libertação frequentar um santuário
de religiosidade popular. Tadeu não se fez de rogado: "Sou devoto de Nossa
Senhora Aparecida, porque ela é da cor de minha mãe, da minha, da minha mulher
e de meus filhos.”
Tadeu fez uma leitura libertadora da padroeira do Brasil,
cuja imagem foi encontrada no Rio Paraíba, em 1717, por três pescadores. Em uma
sociedade escravocrata colonizada pelo reino de Portugal, no qual reis e
rainhas eram todos brancos, disseminar a devoção a uma negra, rainha do céu,
mãe de Deus, constituía uma forma de afirmar a dignidade das escravas vítimas
da luxúria e da crueldade de seus senhores.
Os poderosos procuraram se "apropriar” de Nossa Senhora
Aparecida. A 8 de setembro de 1822, um dia após a independência, D. Pedro I a
declarou "padroeira do Brasil”. É curioso que o título tenha sido concedido
pelo imperador, e não pela Igreja. E a 6 de novembro de 1888, a princesa Isabel
ofertou à imagem a coroa de ouro cravejada de rubis e diamantes e o manto azul
bordado em ouro e pedrarias.
As autoridades eclesiásticas, que sempre relutam frente às
devoções populares, apenas em 1894 enviaram ao santuário os padres
redentoristas, 177 anos depois de a imagem de Maria "aparecer”.
Fonte: amai-vos
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