Gabriela estudou Ciências Sociais na USP (Universidade de São
Paulo), mas decidiu abandonar a faculdade para trabalhar como prostituta. Antes
de criar a Daspu, Gabriela fundou a ONG Davida, uma organização da sociedade
civil que promove a cidadania das prostitutas. Gabriela escreveu sua história
de vida no livro Filha, Mãe, Avó e Puta em 2009. A obra foi adaptada para o
teatro.
Faleceu nessa quinta-feira (10), ás 19h no Rio de Janeiro
Gabriela Silva Leite (1951 + 2013) de acordo com informações de amigos o
enterro acontece sábado próximo.
Gabriela, como era conhecida pelo movimento social lutava
contra um câncer na garganta e nós últimos messes passou internada em
tratamento intensivo na capital fluminense, não resistindo ao agravo da doença
faleceu, deixando filho e marido, companheiros que deram força para que ela
pudesse fazer o trabalho de defesa da mulher prostituta.
Apresentava-se como ex-prostituta, formada em sociologia
pela Universidade de São Paulo (USP), Gabriela trabalhou como prostituta na
zona da capital paulista e mudando-se para o Rio de Janeiro em 1992 decidiu
fundar a ONG Davida em defesa das prostitutas. Considerada a mais importante
liderança orgânica e intelectual da categoria no Brasil com reconhecimento no
exterior por seu trabalho social e humanista, defendeu a expressão “Puta” como
uma identidade de grupo e candidatou-se a deputada federal em 2010 para
trabalhar pela regulamentação da profissão.
Em 2005, parodiando a grife Daslu, envolvida em possíveis
escândalos financeiros, Gabriela fundou no Rio de Janeiro a grife DASPU, (Das
putas) sendo notícia em todo o Brasil, realizando desfiles com modelos e
prostitutas na Cinelândia, centro antigo do Rio, buscando atrair os olhares da
sociedade para as condições das mulheres que vivem da prestação de serviços
sexuais.
Escritora, Gabriela
escreveu o livro “Filha, mãe, avó e puta” lançado pela editora Objetiva em 2009
no Rio. Neste livro, ela conta sua trajetória, que culminou com a criação da
famosa marca de roupas Daspu e da Ong Davida, símbolos hoje reconhecidos
internacionalmente. Também foi personagem do vídeo do filme “Um beijo para
Gabriela” com direção de Laura Murray.
Gabriela deixa saudades de Fortaleza a São Paulo. “Gabriela
Silva Leite foi uma mulher Forte Guerreira, sem papas na Língua, aprendi muito
e andei guiada por essa estrela que foi ela”, declarou Lívia Horácio
coordenadora da ONG Instituto de Orientação para mulheres de Baixa Renda
(IOPEM) na capital cearense. Terezinha Pinto da ONG APTA em São Paulo também
lamentou a morte da ativista e lembra como se conheceram em São Paulo.
“Gabriela, uma vez no inicio da epidemia de Aids, estava comigo num desses
encontros do Programa Nacional de Aids.
A noite um grupo de mulheres bebendo e cantando, perguntei a ela se a gente ao
fazer prevenção com prostitutas devíamos
tirar as mulheres da vida” conta e segue. “E ela calma me perguntou o
que eu fazia com as putas que largavam a profissão, se ia atrás delas.. eu
fiquei muda porque nunca tinha pensado sobre isso. Então ela me disse: Pois é! Todo mundo tem opção pode ser grande
ou pequena”, conclui Terezinha. Gabriela Leite defendia a ideia de que mesmo
diante de situações limites de sobrevivência mulheres e homens que trabalham
como profissionais do sexo optaram de forma consciente pela atividade que
segundo ela, deveria ser reconhecida por lei.
No Brasil não existe lei que puna a pessoa que por livre
vontade queira se prostituir, exceto para quem se beneficia com a exploração
sexual de outras pessoas. A lei também é rigorosa contra a exploração sexual de
crianças e adolescentes e estimula a
população denunciar as autoridades por meio do disk 100.
Fonte: http://www.aldeianago.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário