Segundo o governo, propaganda compara mulher negra sensual à
cerveja. Denúncia partiu do Procon do ES; campanha foi veiculada em 2010 e
2011.
O Ministério da Justiça anunciou nesta sexta-feira (4) que
vai instaurar um processo contra a cervejaria Devassa por causa de uma
propaganda, segundo o governo, abusiva. A denúncia contra a publicidade foi
feita pelo Procon do Espírito Santo ao Departamento de Proteção e Defesa do
Consumidor (DPDC), em 2011.
A propaganda tem os dizeres "É pelo corpo que se
reconhece a verdadeira negra. Devassa negra. Encorpada, estilo dark ale de alta
fermentação. Cremosa com aroma de malte torrado", com o desenho de uma
mulher negra sentada de forma sensual e com roupas estilo cabaré olhando para o
consumidor. Ao lado, uma garrafa e um copo da cerveja anunciada.
O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC)
considera que a propaganda equipara a mulher negra a um objeto de consumo ao
comparar o corpo feminino com a cerveja. A campanha "Devassa-Tropical
Dark" foi veiculada nos meios de comunicação brasileiros nos anos de 2010
e 2011.
Entidades de classe e secretarias especializadas também
foram ouvidas sobre o caso, como a Secretaria de Políticas para as Mulheres, a
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e o Conselho Federal de
Psicologia.
Se condenada, a Devassa poderá ter de pagar multa de até R$
6 milhões. A cervejaria tem dez dias para apresentar defesa a partir desta
sexta.
De acordo com o diretor do DPDC, Amaury Oliva, até o
momento, a Devassa reclama que não há irregularidades no anúncio.
Para Oliva, a importância de se questionar a ética do
anúncio se dá pelo poder de persuasão que ele exerce sobre os consumidores.
"A publicidade na sociedade de hoje é um ditativo. A publicidade é feita
para vender produtos. Agora, há um claro limite a essa publicidade [...] É
importante que o mercado também tenha isso em mente, que a publicidade não
derrube, não desconstrua as políticas afirmativas que são tão importantes para
o nosso país".
O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária
(Conar), apesar de nunca ter suspendido a publicidade, recomendou que
alterações fossem feitas na época.
A Brasil Kirin disse que "não comenta processos
jurídicos em andamento. A empresa reitera que conduz seu negócio com respeito e
ética a todos os seus públicos e consumidores."
Fonte: G1
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