Discutir os direitos das mulheres e o avanço das políticas
em favor delas. É neste sentido que o Coletivo Feminino Plural realiza na
próxima quinta-feira (6) o Seminário Mulheres de olho no mundo de direitos. O
evento, que acontecerá no Memorial Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, reunirá
organizações feministas e especialistas no tema, e é aberto ao público.
De acordo com a coordenadora da ONG, Telia Negrão, a ideia é
socializar informações e trocar experiências entre as organizações
participantes, já que há anos o Coletivo Feminino Plural participa do
monitoramento nacional e mundial de políticas para as mulheres. "É
importante socializar essas experiências e acrescentar novas informações. Vamos
fazer um apanhado geral do monitoramento mundial dos direitos das mulheres, ver
como foram criados os relatórios, as convenções internacionais, os mecanismos
como os Comitês, e saber como as organizações da sociedade civil podem
contribuir e participar deste processo”, explica.
Telia informa que o seminário discutirá temas referentes às
mulheres destacados pelas Nações Unidas como saúde da mulher e direitos sexuais
e reprodutivos, temática que engloba, entre outras, discussões sobre
mortalidade materna e aborto; também o tráfico de pessoas e a violência contra
a mulher. "O tráfico de pessoas é um assunto que está na pauta mundial e
tem crescido junto com a globalização”, ressalta.
Segundo ela, o Brasil tem sido criticado quanto ao
enfrentamento ao tráfico de seres humanos, porque apesar de ter realizado a CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) o país não conseguiu dar respostas
satisfatórias sobre o problema. Além disso, o II Plano Nacional de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas foi aprovado recentemente, com bastante
atraso.
Telia lembra ainda que o Brasil não é um país que apenas "exporta”
para o tráfico, mas também recebe pessoas de países mais pobres que são
exploradas pelas redes de tráfico de pessoas. "Isso faz com que o país
tenha que adotar uma postura mais firme e ter uma abordagem mais responsável
sobre o tráfico humano”, analisa.
Sobre a implementação e o avanço dos direitos das mulheres,
o seminário analisará o questões como o empoderamento político das mulheres, a
educação e a saúde. "O empoderamento político das mulheres é um tema
chave, pois apesar de o país ter uma mulher na presidência da República, a
participação política das mulheres ainda é baixa, não conseguimos avançar no
empoderamento das mulheres. Na área da saúde é importante debater a feminização
da epidemia do vírus HIV, que está relacionada com a violência contra a mulher”,
explica Telia.
Ela alerta ainda que a epidemia de AIDS entre as mulheres
como resultado de violência sexual, provoca ainda outras violências para essas
mulheres que sofrerão preconceitos, estigmatização e discriminação por
conviverem com o vírus HIV.
Por fim, Telia enfatiza a importância de as organizações
feministas, da sociedade civil, movimentos sociais e população monitorarem e
acompanharem o cumprimento dos convênios internacionais firmados e a
implementação de políticas nacionais sobre os direitos das mulheres. "É
extremamente importante e possível ter participação na política do país e
monitorar as ações, mas para fazer isso é necessário se apropriar das
informações, das técnicas para poder participar”, finaliza.
Violência contra a mulher
A violência contra a mulher não significa apenas a agressão
física, mas também a violência sexual, moral, psicológica, patrimonial e o
tráfico de mulheres. A violência doméstica e sexual, uma das formas mais comuns
e conhecidas de agressão às mulheres, são uma das principais violações de
direitos humanos, constituindo uma questão de gênero.
Dados do ‘Mapa da Violência 2012. Atualização: homicídios de
mulheres no Brasil’ revelam que entre 1980 e 2010 mais de 92 mil mulheres foram
assassinadas no Brasil, sendo que quase a metade – 43,7 mil – foram
assassinadas só na última década.
O Memorial do Rio Grande do Sul fica localizado à Praça da Alfândega, s/n, em Porto Alegre. Para mais informações ligue para +55 (51) 3221-5298 ou escreva para coletivofemininoplural@gmail.com
Coletivo Feminino Plural:http://femininoplural.org.br/site/conheca-seus-direitos;
Fonte: Adital
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