Duas jovens, de 20 e 21 anos, e o proprietário de um
supermercado foram presos, de forma preventiva, ontem em Porto Velho com a
deflagração da Operação Lâmia, que desbaratou uma rede de exploração sexual de
adolescentes, envolvendo cerca de 20 garotas com idades entre 13 e 16 anos.
O
serviço foi desvendado pelo Ministério Público de Rondônia, por meio do Grupo
de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), durante a
investigação de um esquema de pedofilia, iniciada há seis meses, de acordo com
informações do procurador-geral do MPE, Héverton Alves de Aguiar, durante
coletiva de imprensa realizada ontem.
As adolescentes agenciadas pelas duas jovens eram acionadas
por telefone celular para os programas sexuais. “São garotas de origem humilde,
todas de Porto Velho, a maioria estudantes que moravam na perifeira da cidade
com as respectivas famílias, as quais muitas vezes nem sabiam do que estava
acontecendo porque os encontros amorosos ocorriam durante o dia”, segundo o
procurador. Já a ‘clentela’ era formada por pessoas de alto poder aquisitivo.
Os programas custavam entre R$ 50 e R$ 150.
Durante a operação foram aprendidos livros e computadores,
pelos quais será verificado se existem outros envolvidos no esquema de
aliciamento de adolescentes. O procurador considera que poderão ser feitas
novas prisões. As duas jovens, Débora Francisca Lopes e Michele Araújo Silva
foram presas no presídio feminino e o empresário José Edmar de Souza foi encaminhado
para o presídio Panda. Ele era usuário frequente da rede de prostituição e foi
preso em casa acusado de estupro contra vulnerável, sendo que a Polícia
encontrou quatro armas sem registro na residência, uma delas com a numeração
raspada. Os três foram indiciados pelo crime de exploração sexual a
vulneráveis, com penas que podem chegar a 15 anos de prisão.
Segundo Héverton Aguiar, a pouca idade das agenciadoras
indicam que elas também estão na prostituição desde muito jovens. “O que mais
chama a atenção é ver pessoas com situação favorável se valendo desta situação
para explorar a condição socioeconômica destas adolescentes, se valendo da sua
vulnerabilidade, retirando delas o direito à dignidade. Todas eram muito
humildes, de famílias pobres”, disse ele.
RESPONSABILIZAÇÃO
As garotas que eram aliciadas estão sendo ouvidas como
testemunhas no Juizado da Infância e da Adolescência e posteriormente serão
encaminhadas para tratamento psicossocial. Os pais das adolescentes poderão ser
responsabilizados pelo envolvimento das mesmas em prostituição, por omissão e
até mesmo por conveniência com o aliciamento das menores, informa Marcelo
Bessa, secretário estadual de Segurança Pública.
De acordo com o secretário, o caso está sendo divulgado para
abrir a possibilidade de denúncias de outras pessoas envolvidas com
prostituição de menores. Ele informa que a prostituição geralmente envolve
outros tipos de crimes, como o tráfico de drogas e armas. A Operação Lâmia
contou com a participação de 40 policiais e foi deflagrada no início da manhã
de ontem. O nome da operação é uma alusão à mitologia grega, segundo a qual
Lâmia era uma rainha da Líbia, que se tornou um demônio devorador de crianças.
Fonte: Diário da Amazonia
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