“O que vimos foi aterrador: quartos que eram verdadeiros
cubículos sem janelas, um calor infernal, portas com fechaduras que abriam
apenas pelo lado de fora, condições inóspitas e totalmente degradantes para a
vida humana”, revelou o deputado.
Os deputados Arnaldo Jordy (PPS-PA) e José Augusto Maia
(PTB-PE), que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga
o caso de exploração sexual em Vitória do Xingu e de tráfico de perto próximo
ao canteiro de obras da usina de Belo Monte, no Pará, irão avaliar o conteúdo
dos depoimentos das quatro pessoas que foram presas suspeitas aliciar jovens
para a prostituição no Pará.
Os depoimentos foram colhidos na noite da última
segunda-feira (25) na sede da Delegacia Geral de Polícia, em Belém, pelos
parlamentares e pela delegada-geral adjunta Christiane Lobato, e Simone Edoron,
diretora de Atendimento a Grupos Vulneráveis, da Polícia Civil.
“Foram quatro horas de depoimentos gravados. E o que podemos
adiantar até agora é que as informações são totalmente contraditórias, não
condizem com o teor do que foi denunciado pelas vítimas. Nós precisamos
analisar esse material com calma.”, disse o deputado Arnaldo Jordy em
entrevista ao G1.
Explicações
De acordo com o parlamentar, o próximo passo da CPI será, a
partir das informações prestadas pelos presos, consultar os outros membros da
comissão para avançar no processo de investigação, ouvir os esclarecimentos da
Norte Energia e do Consórcio Construtor Belo Monte, para, ao final, pedir o
indiciamento de todos os envolvidos no caso.
“A avaliação preliminar que pode ser feita é que o tráfico
de pessoas está caracterizado de fato. Mas precisamos ainda buscar
esclarecimentos com a Norte Energia e o CCBM porque não acreditamos que eles
ignorem uma situação grave como essa ou pior, que isso esteja acontecendo tendo
a conivência deles”, esclareceu Jordy.
Ainda segundo Jordy, após a audiência pública realizada na
Câmara Municipal de Altamira, no sudoeste paraense, na manhã da última
segunda-feira (26), os deputados visitaram, pela tarde, as instalações do
canteiro de obras de Belo Monte e lá constataram a existência de uma boate. “O
que vimos foi aterrador: quartos que eram verdadeiros cubículos sem janelas, um
calor infernal, portas com fechaduras que abriam apenas pelo lado de fora,
condições inóspitas e totalmente degradantes para a vida humana”, revelou o
deputado.
A equipe de reportagem do G1 entrou em contato com a
assessoria do CCBM, que, em nota, disse que o imóvel citado pelos parlamentares
funcionaria em uma chácara na zona rural daquele município, em terreno
particular de propriedade desconhecida e distante cerca de 20 km do canteiro de
obras mais próximo.
Ainda de acordo com o consórcio construtor, nenhuma das
áreas localizadas no perímetro mencionado seria de titularidade da Norte
Energia e, portanto, de sua responsabilidade. A Norte Energia só seria
responsável pelas áreas efetivamente adquiridas.
Fonte: portal G1
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