O objetivo da FIFA era criar condições para a chegada de prostitutas estrangeiras, mulheres traficadas por empresas capitalistas de submundo para suprir uma das principais demandas da festa suprema do futebol profissional.
A Federação Internacional de Futebol, a Fifa, é uma entidade
sem fins lucrativos. Não tem acionistas, e portanto não paga dividendos a eles.
Não está cotada em bolsa de valores, não tem valor de mercado. Tudo o que
arrecada, e não é pouco, a Fifa diz investir na "promoção do futebol"
ao redor do mundo, e é verdade. O que esta todo-poderosa organização não faz
questão de cornetear por aí é que isto de "promoção do futebol" na
verdade se trata do fomento das condições para que uma dúzia de transnacionais
gigantes, com negócios ligados ao esporte mais popular do planeta, multipliquem
seus lucros.
Sendo assim, na condição de delegada dos interesses de
empresas do porte da fabricante de materiais esportivos Adidas, da Coca-Cola e
da empresa de cartões de crédito Visa, a Fifa desfila pelo mundo na condição,
digamos, de "dono da bola", aquele que na gíria da meninada dita as
regras da "pelada" no campinho de terra.
Sobretudo em épocas de Copa do Mundo, A Fifa tira do bolso a
procuração do poder econômico que a financia e enumera uma série de exigências
aos países-sede, que já ficam previamente avisados de que podem ter que
construir isso, demolir aquilo, providenciar aquilo outro, e até mesmo
requisitar a criação ou a abolição de leis.
Exemplo crasso foi a pressão da Fifa para que a gerência de
Jacob Zuma descriminalizasse a prostituição no país durante a Copa, passando o
recado das grandes agências de turismo da Europa e do USA, cujos clientes se
mostraram receosos em viajar para alugar corpos femininos infectados com o
vírus da AIDS (6 milhões dos 48 milhões de sul-africanos sofrem da síndrome da
imunodeficiência adquirida). O jornal britânico The Guardian abraçou a causa da
Fifa e chegou a pedir a regulação do "mercado sexual" na África do
Sul durante o mundial de futebol, a fim de minimizar o risco de os turistas da
metrópole contraírem o vírus HIV.
Mulheres vendidas por
US$ 670
Como se percebe, o objetivo da Fifa e do The Guardian não
era exatamente fazer com que o governo conciliador-patriarcal da África do Sul
mandasse a polícia parar de espancar e extorquir mulheres sul-africanas negras
e pobres. Ao contrário: a Fifa mandou Zuma sumir com mendigos e prostitutas das
ruas. O objetivo era criar condições para a chegada de prostitutas
estrangeiras, mulheres traficadas por empresas capitalistas de submundo para
suprir uma das principais demandas da festa suprema do futebol profissional.
E assim se fez: o tráfico de pessoas com destino ao
país-sede da Copa 2010 aumentou consideravelmente nos meses que antecederam este
evento que é também um dos ápices do calendário do chamado "turismo
sexual". O governo Zuma não chegou a legalizar a prostituição, mas tratou
de fazer vistas grossas à farra a custa da dignidade alheia e chancelada pelos
mandachuvas do futebol, os mesmos que se esmeram na farsa da responsabilidade
social da Copa do Mundo.
Estudos conduzidos pela pesquisadora Merad Kambamu, de
Zâmbia, compilaram denúncias e provas de um número crescente de casos de
meninas e jovens mulheres que desapareceram em vários países da África e
reapareceram em bordéis e "casas de massagem" das cidades que
receberam as partidas da Copa do Mundo da África do Sul. A porta-voz da polícia
de Maputo, capital de Moçambique, revelou que estas mulheres vinham sendo
vendidas por US$ 670 para serem oferecidas feito refeições a turistas
endinheirados.
Este lado de pouco "fair play" das Copas do Mundo
de futebol foi escancarado na Alemanha, em 2006, quando nada menos do que 40
mil mulheres foram levadas para os megabordéis quase que patrocinados pela Fifa
que foram instalados em caráter excepcional em cidades como Berlim. Naquela
ocasião, a exigência foi feita e a Alemanha legalizou sua "indústria
sexual", que funcionou à base de "mão de obra" levada da Ásia,
América Latina e do Leste Europeu com promessas de empregos temporários, mas
que acabaram se convertendo em escravas sexuais para animar a grande farra
capitalista quadrianual regada a dinheiro e futebol.
Fonte : (Hugo R C Souza)
A Nova Democracia
Nenhum comentário:
Postar um comentário