A brasileira Sara Winter compõe o grupo Femen, formado
majoritariamente por mulheres ucranianas que têm feito protestos contra a
prostituição no outro país anfitrião da Europa: a Ucrânia. Ela lembra que no
Brasil a situação também é semelhante. "As pessoas podem não conhecer, mas
o governo neglicencia. Em Maceió, Belém ou Recife, por exemplo, chegam aviões
cheios de turistas com o único objetivo da prostituição com as jovens
locais", contou.
A primeira razão para muitos turistas virem até a Polônia é
o sexo. A segunda é a Eurocopa". É assim que Joszef, taxista polonês na
capital Varsóvia, descreve a relação entre prostituição e o torneio de seleções
do Velho Continente. De fato, ao caminhar pelas cidades do país co-anfitrião é
possível notar que há razão nas palavras dele. As propagandas para os clubes de
sexo estão espalhadas por todo o canto.
Em placas gigantes ou em pequenos panfletos facilmente
perceptíveis, o convite é expresso para se conhecer mais da prostituição local.
Os anúncios são acompanhados de fotos sensuais e oferecem regalias, como
serviço de transporte para os turistas.
"Se você não
tiver carro, nós vamos até você", sugere um deles, em inglês. Em um país
de religiosidade aflorada e personificada em João Paulo II, chega a surpreender
a forma como o sexo é vendido abertamente. Seja em Varsóvia, Gdansk ou na
badalada Sopot, por exemplo.
Na semifinal entre
Itália e Alemanha, na última quinta, moças de boa aparência entregavam
panfletos a torcedores com sugestões - picantes, digamos - para o pós-jogo dos
turistas.
"Eles se
interessam muito porque, além de nossas garotas serem bonitas, os preços são
muito mais baratos. Em outros países você pode gastar 300 euros (cerca de R$
750) por uma noite. Aqui você gosta 250 zlots (cerca de R$ 130). É
vantajoso", explica Josef. Ele assegura não apreciar o tipo de programa
preferido dos visitantes.
A brasileira Sara
Winter compõe o grupo Femen, formado majoritariamente por mulheres ucranianas
que têm feito protestos contra a prostituição no outro país anfitrião da
Europa: a Ucrânia. Segundo ela, e algo confirmado por Josef, as moças
ucranianas representam a principal mão de obra do sexo na Europa, seja no Leste
Europeu ou em países como Holanda e Alemanha, por exemplo.
"A população
conhece e negligencia tudo isso. Já os governos fazem parte dessa máfia,
incentivam esse tipo de comércio", conta Sara Winter ao Terra.
"Passei por
Varsóvia e outras cidades polonesas menores e é realmente tudo exposto, muito
vasto. São muitas propagandas em metrô, nas ruas e em todos os lugares. Ninguém
tem medo disso", afirmou a brasileira. Ela atualmente reside em Kiev e
está engajada na luta por mais oportunidades às mulheres.
Sara chamou a atenção
do Femen após um protesto realizado durante a Virada Cultural em São Paulo e,
por isso, foi convidada para se juntar à causa na Ucrânia. Ela lembra que no
Brasil a situação também é semelhante.
"As pessoas
podem não conhecer, mas o governo neglicencia. Em Maceió, Belém ou Recife, por
exemplo, chegam aviões cheios de turistas com o único objetivo da prostituição
com as jovens locais", contou.
Um turista
brasileiro, que não quis ser identificado, visitou um clube de sexo em Poznán,
outra sede polonesa na Euro, e revelou uma cena curiosa, quase surreal. Ao se
aproximar de duas garotas locais para conversar, ouviu: "desculpe, você
tem cara de não ter muito dinheiro, então vá falar com outra. Nós estamos
esperando por alguém rico, um Roman Abramovich", disse com referência ao
bilionário dono do Chelsea, clube inglês. Mais um sinal de que prostituição,
turismo e futebol, na Eurocopa, são temas em comum.
De acordo com Sara Winter, ativista brasileira do Femen, ela
já tem 12 mulheres de capitais do País interessadas em realizar protestos na
Copa do Mundo de 2014. O grupo se notabilizou durante a Eurocopa, seja na
Polônia ou na Ucrânia, por aparições públicas com os seios de fora e cartazes
ofensivos contra a prostituição e o turismo sexual.
A ativista também assegura que as próprias líderes do Femen,
em 2014, devem viajar ao Brasil para participar de protestos semelhantes.
"As pessoas podem não conhecer, mas o governo neglicencia. Em Maceió,
Belém ou Recife, por exemplo, chegam aviões cheios de turistas com o único
objetivo da prostituição com as jovens locais", contou.
Nos próximos dias, as líderes do Femen viajam até Londres
para também realizar protestos durante os Jogos Olímpicos. Já a brasileira
Sara, com o fim da Eurocopa, retorna ao País após duas semanas em Kiev e ficará
responsável por organizar e liderar projetos das ativistas na América Latina,
além de criar uma loja virtual. Ela contará com ajuda de custo de
aproximadamente R$ 1 mil mensais.
Fonte: Terra
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