A manifestação é a favor do direito da mulher de escolher como e onde onde quer fazer o parto. Entre as opções estão fazer o parto em casa, no hospital, escolher um parto normal ou uma cesárea. "A mulher é empurrada a fazer uma cesárea porque é mais rápido e mais fácil",
Centenas de pessoas fizeram uma marcha na tarde deste
domingo (17) em São Paulo, em defesa do parto domiciliar. O ato começou na
região da Avenida Paulista, passou pela Rua da Consolação e seguiu até a sede
do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), na altura da Praça
Roosevelt, no Centro de São Paulo. A organização da marcha estima que mil
manifestantes estiveram presentes. Já a Polícia Militar fala em 400 pessoas.
O ato acontece após o Conselho Regional de Medicina do Rio
de Janeiro (Cremerj) apresentar denúncia contra o médico e professor da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Jorge Kuhn. O obstetra se
manifestou favorável ao parto domiciliar em reportagem realizada pelo
Fantástico, da TV Globo, no último domingo (10).
A manifestação é a
favor do direito da mulher de escolher como e onde onde quer fazer o parto, de
acordo com a obstetriz Ana Cristina Duarte, uma das organizadoras do ato. Entre
as opções estão fazer o parto em casa, no hospital, escolher um parto normal ou
uma cesárea.
Você não pode chegar em uma maternidade e fazer o parto em
uma banheira, por exemplo", diz Ana Cristina, para quem esta opção deveria
estar disponível. Ela critica o alto número de cesáreas no Brasil.
"A mulher é empurrada a fazer uma cesárea porque é mais
rápido e mais fácil", reclama a obstetriz. A informação é reforçada pelo
próprio professor Kuhn, que estava no ato.
O parto se tornou um
evento cirúrgico, nem sempre por má vontade do obstetra, afirma Kuhn. "Se
o médico encara o parto da mulher como um sofrimento, ele vai e dá anestesia.
Mas nem sempre a mulher é consultada", ressalta. Para ele, a cesárea é uma
conquista da medicina, mas está havendo um abuso na rede de hospitais
particulares.
De 10% a 15% das
mulheres que fazem parto em casa são removidas para hospitais, sendo que em
apenas 1% das situações há de fato uma emergência que exige internação,
assinala Kuhn. "Em 85% dos partos, os médicos não precisam nem entrar em
ação. Eles precisam acompanhar, monitorar para ver se não há complicação."
Os médicos precisam "aceitar que o parto é um processo fisiológico",
afirma ele.
O bancário Murilo Loyola, de 31 anos, levou a mulher e a
filha de dois anos para participar do ato. Ele contou que o parto da criança
foi feito em casa, mas houve complicações. "A gente optou pelo parto
domiciliar, mas houve um problema e minha mulher teve que ir ao hospital fazer
uma cesárea", diz. Ainda assim, ele defende a opção de parto em casa.
"Fizemos com o acompanhamento de uam parteira e de um médico",
afirma.
A enfermeira Marcela
Zanatta , de 30 anos, disse ver muitas cesáreas desnecessárias sendo feitas.
"Quase sempre há uma má assistência aos partos normais", comenta. O
médico Kuhn, que é pai de três filhos, nascidos todos por parto normal, diz se
sentir mais próximo do papel de parteiro do que de cirurgião. "Nunca me
senti mais um cirurgião. Eu cresci em uma família que pensa nas causas das
mulheres", comenta.
O protesto começou às
14h, no vão livre do Masp. Uma faixa da Avenida Paulista foi fechada durante o
protesto, e trechos da Rua da Consolação também. As pistas já foram liberadas.
Fonte: Globo
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