Às margens da BR-381, em Periquito, no Vale do Rio Doce, também há crianças e adolescentes vendendo tapetes, frutas e até o próprio corpo, caso de meninas que se prostituem aos 9 anos alegando ter que ajudar no sustento de casa.
Equilibrar o coco com uma das mãos e acertar nele golpes
precisos, que não comprometam o fruto e menos ainda a base calejada que o
sustenta, até poderia ser uma atividade segura se o operador do facão não
tivesse, além de baixa estatura, a distração comum a meninos de 8, 10 e 16
anos. Às margens da BR-381, em Periquito, no Vale do Rio Doce, também há
crianças e adolescentes vendendo tapetes, frutas e até o próprio corpo, caso de
meninas que se prostituem aos 9 anos alegando ter que ajudar no sustento de casa.
A situação levou o Ministério Público do Trabalho (MPT) a dar ao Executivo
municipal seis meses para erradicar o trabalho infantil na cidade, que fica a
38 quilômetros de Governador Valadares. O prazo vence em outubro.
Na outra margem da BR-381, um menino franzino arrastava, com
dificuldade, um carrinho de mão lotado de bagaço de cana, na última
terça-feira. Ele estava acompanhado pelo sitiante Santos Nico Porto, de 67
anos, que garantiu que a criança, de 12, era só “uma boa companhia”.
Questionado sobre o destino para onde iam, o garoto respondeu com voz baixa,
sem levantar os olhos: “Estamos indo lidar (cuidar) dos animais dele, na roça”.
Flagrantes como esses levaram a Prefeitura de Periquito a
ser convocada a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) junto ao MTP,
em Governador Valadares. O acordo exige que o Executivo acabe com o trabalho
infantil e de adolescentes até outubro. Em caso de descumprimento, ele poderá
ser multado e responder a ações na Justiça.
Segundo a procuradora Thais Borges, além de identificar o
cenário atual –quantos menores são, onde estão e o que fazem–, o município
deverá combater a exploração da mão de obra e qualificar os adolescentes. Além
disso, terá que equipar os conselhos tutelares e dos Direitos da Criança.
O poder público também terá que oferecer a meninos e meninas
de até 14 anos atividades esportivas, culturais e de recreação extras,
aumentando a permanência deles na escola. Aos maiores de 14 anos, serão
direcionados programas de aprendizagem nos moldes da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), como o Menor Aprendiz. Se não implementar as medidas no prazo
fixado, a prefeitura ficará sujeita a multas que variam de R$ 5 por criança e
adolescente prejudicado a R$ 30 mil, de acordo com a cláusula desobedecida.
Fonte: Hoje em dia
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