Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de
Crianças e Adolescentes, celebrado no dia 18 de maio, será marcado em Belo
Horizonte com a formação de um banner humano, a partir das 9h30, na Praça da
Estação.
Para formar o banner, onde se lerá “18 de maio”, os organizadores
pedem que os interessados em participar levem sombrinhas coloridas para
representar a proteção de crianças e adolescentes. Neste ano, o evento contará
com a presença da vocalista do Pato Fu, Fernanda Takai, apadrinhando a causa.
Além da formação do banner, a campanha Minas Alerta: Proteja
Nossas Crianças, coordenada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social
(Sedese), fará uma blitz na Ceasa, que fica no quilômetro 688 da BR-040, das
7h30 às 9h30. Também haverá um “buzinaço”, a partir das 9h, em várias regiões
de Minas Gerais, em sinal de repúdio às violações dos direitos de crianças e
adolescentes. A mobilização para as atividades está sendo feita pelas redes
sociais.
Mobilização
A rede de proteção que assina a mobilização é composta pelas
seguintes entidades: Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra
Criança e Adolescente, Governo de Minas, Frente Parlamentar de Defesa dos
Direitos das Crianças e Adolescentes (ALMG), Fórum Interinstitucional de Enfrentamento
a Violência Doméstica e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes do Estado
de Minas Gerais, Fórum de Erradicação e Combate ao Trabalho Infantil e Proteção
ao Adolescente de Minas Gerais, Prefeitura de Belo Horizonte, AMAS e Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente.
Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual
Infanto-Juvenil
O dia 18 de maio foi criado em 1998, quando cerca de 80
entidades públicas e privadas, reuniram-se na Bahia para o 1º Encontro do Ecpat
no Brasil. Organizado pelo CEDECA/BA, representante oficial da organização
internacional que luta pelo fim da exploração sexual e comercial de crianças,
pornografia e tráfico para fins sexuais, surgida na Tailândia, o evento reuniu
entidades de todo o país. Foi nesse encontro que surgiu a idéia de criação de
um Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Infanto-Juvenil.
De autoria da então deputada Rita Camata (PMDB/ES) –
presidente da Frente Parlamentar pela Criança e Adolescente do Congresso
Nacional -, o projeto foi sancionado em maio de 2000.Desde então, a sociedade
civil em Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes promovem atividades em
todo o país para conscientizar a sociedade e as autoridades sobre a gravidade
da violência sexual.
Lei 9.970 – Institui o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à
Exploração Sexual Infanto-juvenil
Art. 1º. Fica instituído o dia 18 de maio como o Dia
Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
ORIGEM DO DIA 18 DE MAIO
No dia 18 de maio de 1973, em Vitória-ES, a menina Araceli
Santos foi seqüestrada, espancada, estuprada, drogada e assassinada numa orgia
de drogas e sexo. Seu corpo, que apareceu seis dias depois, foi desfigurado por
ácido. Os agressores de Araceli ficaram impunes. Este fato divulgado pela mídia
chocou toda a nação, ficando conhecido como "Caso Araceli".
Aracelli Cabrera Sanches Crespo (Vitória, 2 de julho de 1964
– Vitória, 18 de maio de 1973) foi uma criança brasileira assassinada
violentamente em 18 de maio de 1973. Seu corpo foi encontrado somente seis dias
depois, desfigurado e com marcas de abuso sexual. Vinte e sete anos depois, a
data de sua morte foi transformada no Dia Nacional de Combate ao Abuso e
Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes pelo Congresso Nacional.
Araceli era a segunda filha de Gabriel Crespo e da boliviana
radicada no Brasil, Lola Sanchez. Viviam em uma casa modesta, na rua São Paulo,
hoje Rua Araceli Cabrera Crespo, no bairro de Fátima, na cidade de Serra
(Espírito Santo), vizinha à cidade de Vitória, capital do estado do Espírito
Santo.]A ausência de Aracelli foi notada pelo pai, quando a menina não voltou
para casa depois da escola, o Colégio São Pedro, em Vitória, no dia 18 de maio
de 1973. Pensando se tratar de um sequestro, distribuiu fotografias da filha
aos jornais.
O corpo da menina
Aracelli foi encontrado 6 dias depois nos fundos do Hospital Infantil de
Vitória (Hospital Jesus Menino). Uma das hipóteses era de que a menina teria
sido mandada pela mãe para entregar um envelope a Jorge Michelini, tio de
Dante, um dos suspeitos de sua morte. Chegando lá, os acusados a teriam
drogado, estuprado e assassinado num apartamento do Edifício Apolo, no centro
de Vitória.[4] Porém, de acordo com a Promotoria do caso (e depoimento de
Marislei Fernandes Muniz) no dia 18 de maio de 1973, Araceli esperava o ônibus
depois da escola, e Paulo Helal, que estava em seu Mustang Branco, pediu para
Marislei dizer à menina que 'Tio Paulinho a chamava para levá-la para a casa'.
Foi comprovado que a menina foi mantida em cárcere privado por dois dias, no
porão e terraço do Bar Franciscano, que pertencia à família Michilini. Tudo
sendo do conhecimento de Dante Michilini, pai de um dos condenados, o Dantinho.
Os rapazes, sob efeito de barbitúricos, teriam lacerado a dentadas os seios,
parte da barriga e a vagina da menina. A menina foi levada agonizante para o
Hospital Infantil, mas não resistiu. Os acusados ainda permaneceram com o
corpo, mantiveram-no sob refrigeração e um ácido corrosivo foi jogado para
dificultar a identificação do cadáver de Aracelli, jogando, logo após, os
restos mortais da menina num terreno próximo ao Hospital Infantil.
Os suspeitos do crime eram pessoas ligadas a duas famílias
ricas do Espírito Santo. Os nomes dos envolvidos no caso, eram os de Paulo
Constanteen Helal, conhecido como Paulinho, e Dante Michelini Júnior, conhecido
como Dantinho. Dante era filho do latifundiário Dante Michelini, influente
junto ao Regime Militar, enquanto Paulinho era filho de Constanteen Helal, de
família igualmente poderosa. Eles eram conhecidos na cidade como usuários de
drogas que violentavam meninas menores de idade. O bando teria sido responsável
também pela morte de um guarda de trânsito, que havia lhes parado. Ambos foram
citados nos artigos 235 e 249 do Código Penal.
Também foi apontada como suspeita, no "Caso
Aracelli", a mãe de Aracelli, Lola Sanchez, que teria usado a própria
filha como "mula" (gíria conhecida para pessoa que entrega drogas)
para entregar drogas a Jorge Michelini. Lola, que seria um contato na rota
Brasil - Bolívia do tráfico de cocaína e desapareceu de Vitória no ano de
1981,[3]residindo atualmente na Bolívia, tendo o pai de Araceli, Gabriel
Crespo, falecido em 2004.
Apesar de Paulo e
Dante serem os principais suspeitos e de haver algumas testemunhas contra eles,
os dois jamais foram condenados pela morte da Aracelli, na época com 8 anos de
idade. De acordo com o relato de José Louzeiro, autor do livro Aracelli, Meu
Amor, o caso produziu 14 mortes, desde possíveis testemunhas até pessoas
interessadas em desvendar o crime. Ele próprio, enquanto investigava o crime em
Vitória para produzir seu livro-reportagem, teria sido alvo de "queima de
arquivo". De acordo com ele, um funcionário de hotel, pertencente à
família Helal, teria lhe alertado de que estava correndo risco de morte. A
partir de então, Louzeiro passou a preencher ficha num hotel e se hospedar em
outro.
Araceli foi sepultada, 3 anos depois, no Cemitério Municipal
de Serra-Sede, no túmulo de número 1213, na cidade de Serra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário