A maioria dos frequentadores é formada por estrangeiros. “Eu adoro mulher brasileira”, conta um turista. Mas, no local, muitas garotas de programa ainda são meninas: “Eu tenho 16 agora. Fiz em janeiro”, revela uma delas.
Imagens gravadas pela equipe do Jornal Nacional mostram a
prostituição infantil e o tráfico de drogas em Copacabana, na Zona Sul do Rio
de Janeiro. Durante dois meses, a equipe acompanhou e comprovou: um bar é o
maior centro de prostituição do bairro. O local fica a poucos metros de alguns
dos hotéis mais caros do país.
De madrugada, um
trecho da Avenida Atlântica, um dos pontos turísticos mais conhecidos do mundo,
se transforma.
A maioria dos
frequentadores é formada por estrangeiros. “Eu adoro mulher brasileira”, conta
um turista. Mas, no local, muitas garotas de programa ainda são meninas: “Eu
tenho 16 agora. Fiz em janeiro”, revela uma delas.
Outra diz que tem 17
anos. Ela e a irmã, de 20 anos, contam como fazem para enganar a polícia. “Ela
copiou a minha identidade”, explica a irmã. “Com o nome dela, mas com a minha
foto”, acrescenta a menor.
A reportagem mostra,
ainda, outro menor que também se prostitui. Ele trabalha como travesti e já
prestou duas queixas por agressão contra seguranças da boate. O registro de
ocorrência revela a idade do garoto: 15 anos.
Traficantes usam
garotas para atrair clientes
A prostituição infantil não é o único crime cometido nas
calçadas. Traficantes de drogas aproveitam a grande movimentação de pessoas
pelo local e usam garotas de programa para aumentar a clientela.
As duas irmãs dizem
que, em troca de segurança, levam os clientes para comprar drogas com os
traficantes. “Quando a gente fica com alguém que usa, joga para eles”, detalha
uma delas.
Investigações apontam
que um homem que aparece nas imagens, conhecido como “Batata”, é um dos
traficantes que atuam na frente do bar. Ele conta que depois da implantação das
Unidades de Polícia Pacificadora em Copacabana, ficou mais difícil conseguir
droga nas bocas de fumo dos morros.
“Tabajara tem a UPP,
mané. E ‘boca’ lá só para os moradores, mané”, avisa ele. “Aqui no asfalto, vou
te falar, tem bagulho aqui, mané.”
A equipe do Jornal
Nacional flagrou um encontro de Batata com a mulher que traz a droga do morro
para ele vender. Ela se apresenta como "Juninho". Apesar de
desconfiado, Batata admite que tem a droga para vender.
Batata: "Se ‘tu’ for polícia, não me prende não,
irmão."
Homem: "Não, tranquilo."
Batata: "Eu tenho nada a ver não, irmão. Só ‘tô’
fazendo um adianto pra ‘tu’, irmão."
Homem: "Lógico."
Batata: "Pô, pelo amor de Deus."
Homem: "Não, mas
aí, tem?"
Batata: "Tenho, já ‘tá’ na mão."
A equipe não compra a droga, mas registra a venda para um
homem. “Quando o batata não estiver aqui, eu estou aqui. Mas é que ele pega
sempre comigo para ele ganhar um dinheiro em cima”, informou uma suspeita, que
entrega a cocaína para um informante.
PM diz que faz
operações na área
O tenente-coronel
Cláudio Costa, comandante do 19º BPM (Copacabana), afirmou que faz operações na
área, mas encontra dificuldades para manter os traficantes na cadeia: “Eles se
utilizam de pequenas quantidades justamente para quando forem presos entrarem
na condição de usuários”, explicou ele.
O delegado da região,
Márcio Mendonça, disse que vai pedir à prefeitura a cassação do alvará de
funcionamento do bar: “Com o término do funcionamento deste bar, a gente
acredita que esses crimes que possam estar sendo praticados ao redor daquele
bar deixariam de existir. Traria mais tranquilidade para a região”, afirmou.
De acordo com a
polícia, três suspeitos de traficar drogas em frente ao bar mostrado na
reportagem foram presos nesta madrugada.
Fonte: Globo
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