domingo, 19 de fevereiro de 2017

Projeto tenta revitalizar famosa zona boêmia no Centro de BH

A área sugerida para o Distrito Guaicurus vai da Avenida Santos Dumont à Rua Célio de Castro, incorporando a Rua Sapucaí e o entorno da rodoviária (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Para tirar o foco da prostituição, projeto sugere a criação do Distrito Guaicurus, que prevê investimentos em arquitetura, gastronomia e outros setores.


O nome remete a um povo indígena, guerreiro por natureza, e o local vem se tornando ponto de encontro de todas as tribos urbanas, recebendo iniciativas culturais, a exemplo de desfile de carnaval, a Virada Cultural e o Museu do Sexo. Tradicional zona boêmia de Belo Horizonte, citada na literatura e nas artes cênicas, a Rua Guaicurus, no Hipercentro, é alvo agora de um projeto de preservação e valorização que transforma esse pedaço da capital em Distrito Guaicurus. As ações propostas vão contemplar arquitetura, gastronomia e outros setores. A área sugerida para o distrito vai da Avenida Santos Dumont à Rua Célio de Castro, incorporando ainda a Rua Sapucaí e o entorno da rodoviária. “A intenção não é promover o turismo sexual e fazer um 'zoológico humano'. Queremos aproximar novos públicos, realizar outras atividades e resgatar a memória afetiva dos belo- horizontinos, para dar um novo significado à região”, afirma o publicitário Ericson Silva, um dos idealizadores do projeto.

No passado, a Guaicurus era chamada de porto seco, pois ali se concentrava o comércio atacadista, que atendia às necessidades da capital mineira, e onde circulavam muitos trabalhadores. Por ser um ambiente majoritariamente masculino, a demanda fez com que bares, prostíbulos e cabarés se instalassem na região. Dono de um hotel que está com sua família há 70 anos, Flávio Dornas também está à frente da iniciativa para criar o distrito e conta que as festas nos cabarés eram frequentadas por políticos, jogadores de futebol, artistas, intelectuais e trabalhadores. “O Montanhês Danças era uma dos maiores locais de diversão de BH e nele não se entrava sem terno. Orquestras embalavam os bailes, regados a muita comida boa e bebida, em que meninas cobravam tíquetes em rodízios de dança. Juscelino Kubitschek era frequentador da casa”, lembra Dornas.
Vista da Rua Guaicurus em 1963 (foto: Arquivo EM)

SINERGIA O passado, quando a prostituição era apenas uma das atividades de entretenimento, e não a única, é o principal resgate pretendido com a criação do Distrito Guaicurus. “Muitas pessoas evitam visitar os atrativos culturais da Rua Guaicurus pelo tabu da prostituição e pela falta de segurança. Portanto, é preciso revitalizar a área de modo geral, não só a infraestrutura. Pretendemos fazer um resgate histórico, estimulando a gastronomia local, criar um plano de desenvolvimento socioeconômico, melhorar a segurança pública, saúde e segurança das mulheres, além de fomentar projetos e espaços culturais”, explica o publicitário Ericson Silva.

Para estabelecer uma sinergia que beneficie a todos os envolvidos e mude para melhor o quadro atual da Rua Guaicurus e seu entorno, a dupla que encabeça a criação do distrito está somando forças com lideranças políticas, a Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aspromig), a Associação de Amigos da Guaicurus e shoppings e comerciantes da região, na tentativa de formar uma composição entre o poder público, a iniciativa privada, a comunidade acadêmica e a sociedade civil. Após diálogos entre representantes locais e municipais em fóruns temáticos, o projeto será materializado e entregue em audiência pública, ainda sem data marcada, na Câmara Municipal de Belo Horizonte.
Fonte: Estado de Minas

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