Juliana de Faria, criadora do
grupo que lançou a campanha #primeiroassedio, relata o assédio que sofria
dentro da escola (Foto: Edu Lopes/Click de Gente/ÉPOCA, Produção Daniele
Verillo, Makeup Adilson Vital)
Juliana de Faria, criadora do
grupo que lançou a campanha #primeiroassedio, relata o assédio que sofria
dentro da escola.
“Eu nunca me senti muito feliz em ser mulher
porque claramente eu não tinha a mesma liberdade que os homens”, diz Juliana de
Faria, de 30 anos, fundadora do coletivo feminista Think Olga. Juliana cria campanhas e conteúdos como o
Chega de Fiu Fiu e a hashtag #primeiroassedio.
“Meu irmão e os meninos ao meu redor tinham a
liberdade de serem imperfeitos. Eu não”, diz Juliana, que relembra as inúmeras
vezes em que foi repreendida por não fechar as pernas ao sentar –“isso não é
coisa de mocinha”, ouvia—ou que foi vítima de “slut-shame” (ato de estigmatizar
uma mulher por um comportamento considerado promíscuo ou sexualmente
provocativo). Juliana conta que isso acontecia quando tinha 11 anos e as recriminações
partiam das inspetoras escolares. “Elas se importavam mais com os estudos dos
meninos do que com o meu. Diziam que eu atrapalhava os meninos com meus shorts
curtos, mas me fazer ficar envergonhada não importava tanto”, afirma. Foi nessa
época que foi assediada pela primeira vez. “Estava voltando da padaria, um
carro passou perto de mim e gritou palavrões. Não entendi aquilo e comecei a
chorar. Uma senhora me parou na rua e me disse ‘não seja boba, aceite isso como
um elogio’”, diz.
Na escola, onde uma criança ou
adolescente deveria se sentir segura, a agressão se repetia. “Aos 16 anos
sofria assédio dos meus professores. Recebia bilhetes e emails deles me
chamando para sair. Podia perceber os olhares deles pelo colégio. Na época eu
fiquei muito acuada. Era muito fácil me culpar. Não contei para ninguém por
medo e até hoje eu tenho medo de falar”, diz. Ao longo dos anos, Juliana criou
uma espécie de couraça para se proteger: preferia roupas largas, não usava
decote, e tentava esconder qualquer traço de sensualidade que pudesse ter. Deu
um basta ao acúmulo de sentimentos ruins em 2013, ao criar o Think Olga. A
partir daí ela já criou as campanhas Chega de Fiu Fiu e da hashtag
#primeiroassedio, que ajudaram mulheres a lutar contra o assédio.
Fonte: Revista Época
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