O Amapá, no extremo norte do Brasil, é uma das principais
rotas internacionais do tráfico de seres humanos. A afirmação foi feita durante
o Congresso Nacional de Jornalismo sobre o Tráfico de Pessoas, realizado
durante o fim de semana em São Paulo. O superintendente do Diário do Amapá,
jornalista Luiz Melo, foi escolhido para participar do evento como debatedor do
tema de alta relevância.
“Tive a sorte de haver sido o escolhido do Amapá para também
contribuir com ideias, usando os meios de comunicação de que dispomos, no
enfrentamento de uma grave violação dos direitos humanos, que nas últimas
décadas tem aumentado assustadoramente no Brasil. É bem verdade que a cobertura
dos meios de comunicação brasileiros cresceu nesse período, o que ampliou o
conhecimento sobre o assunto, sensibilizando cada vez mais pessoas para os
riscos e danos que aquilo representa pra sociedade, a pobreza como o seu lado
mais vulnerável”, destaca o jornalista.
Há estudos que mostram que o Amapá é rota de origem e de
passagem do tráfico de pessoas, por ser uma área de extensa fronteira. As
cidades com os maiores índices são Macapá e Oiapoque.
As vítimas geralmente recebem propostas para ganhar dinheiro
fácil em outras cidades do Brasil ou do exterior, mas quando chegam ao destino
acabam sendo exploradas dia e noite, e têm seus documentos retidos. A falta de
oportunidades, a pobreza e a busca por uma vida melhor são os principais
fatores para que as vítimas caiam na rede de tráfico de pessoas.
“Há de se admitir também, por mais que se note uma melhora
na qualidade das informações, que ainda é necessário aprimorar na mídia o
debate sobre o tráfico de humanos. Já é o terceiro crime mais praticado pelas
quadrilhas organizadas em todo o mundo, perdendo apenas para o tráfico de
drogas e de armas. Faz cerca de 2,5 milhões de vítimas e movimenta
aproximadamente 32 bilhões de dólares por ano, segundo dados do Escritório das Nações
Unidas no Brasil”, reforça Luiz Melo.
Para a coordenadora em exercício do Núcleo de Enfrentamento
ao Tráfico de Pessoas (NETP) do Amapá, Talita Pontes, a inauguração da ponte
binacional será um agravante para o estado.
“De dezembro de 2013 a fevereiro deste ano, o NETP recebeu
quatro denúncias de suspeita de tráfico de pessoas na fronteira do estado com a
Guiana Francesa e o Suriname. A facilidade em transitar em território
estrangeiro e a grande extensão da área de divisa entre os países (em média 700
quilômetros) são os principais obstáculos no enfrentamento ao tráfico de
pessoas”, aponta a coordenadora.
O Núcleo, porém, não confirma registro de tráfico de pessoas
com fim de remoção de órgãos e tecidos de humanos.
"Também no Amapá, a internet é um dos principais meios
de tráfico humano", disse Rileny Mascarenhas, que relatou casos de vítimas
de tráfico atendidas pela ONG Instituto de Mulheres do Amapá (IMA).
Fonte: Diário do Amapá
Nenhum comentário:
Postar um comentário