A deputada estadual Luiza Maia (PT) entrou com uma
representação contra a banda de pagode de Vitória da Conquista , cidade no
sudoeste da Bahia, por conta de um clipe da música "Tigrão Gostoso",
lançado no mês de dezembro de 2013. Segundo a deputada, o vídeo faz apologia ao
estupro.
O documento foi protocolado junto ao Ministério Público da
Bahia (MP-BA) na quarta-feira (5). "O objetivo é que e o MP chame eles
[integrantes do grupo] e denuncie a música ou a produção como apologia ao
estupro, que é um crime. É uma apologia clara ao estupro sem nenhum duplo
sentido. As autoridades do Estado, nós como defensoras da mulher, não podemos
deixar que a coisa banalize a esse ponto. Vamos fazer um enfrentamento com esse
tipo de produção", diz a parlamentar, que é autora da lei que ficou
conhecida como "antibaixaria". A lei proíbe uso de recursos públicos
para contratação de artistas que tenham no repertório músicas e danças
ofensivas às mulheres.
O G1 ligou para o empresário da banda, mas não conseguiu
falar. Em entrevista no dia 25 de janeiro, Diego Pereira disse que o grupo
nunca teve a intenção de incitar ou promover o estupro. Ele acredita que todo
produto veiculado na internet corre o risco de ser mal interpretado.
"Temos grande público feminino. Temos mulheres, filhas. Como pensaríamos
em uma coisa dessas?", argumentou.
Na opinião de Luiza Maia, as pessoas ainda não têm
consciência do quanto as letras que tratam a mulher como objeto são
prejudiciais para a população feminina. "Esse pessoal não ganhou a
consciência de quanto isso agride nossa autoestima. É pornografia, coisa
rasteira. Essas pessoas veem o sexo como algo sem valor. A gente ainda tem muita
estrada para andar, mas já ganhamos muita coisa", avalia.
Maia disse que não há rejeição contra o estilo musical, mas
que não é a favor de letras atingem a mulher negativamente. "São letras
românticas que as pessoas falam de suas situações de vida em relação ao amor,
ao sofrimento a partir de um coração partido, já com o pagode que agride a
mulher com letras de baixaria, nós vamos intervir sim", conta.
O empresário da banda defendeu que o videoclipe é uma obra
de ficção e que deve ser interpretada como tal. "Nesta semana mesmo houve
um cena em uma novela em que um homem bateu em uma mulher. Se eu for assistir,
eu vou querer fazer o mesmo? É claro que não", defende. "Para mostrar
que não temos nada a ver com essas críticas, iniciamos nesta semana uma
campanha de prevenção à violência contra a mulher. Elas são defendidas em
nossos shows", acrescentou.
Independentemente da repercussão, o empresário conta que tem
sido apoiado pelos fãs e que o grupo, inclusive, tem sido convidado para mais
shows. Pereira conta que a música que integra o vídeoclipe é um sucesso.
O clipe
O vídeo original, que teve o início editado após as
críticas, apresentava uma estudante andando sozinha em um matagal seguida por
um homem encapuzado. Percebendo a perseguição, ela deixa o material escolar
cair no chão e corre. Logo em seguida, a mulher acorda do que teria sido um
pesadelo.
A parte seguinte do videoclipe, que não foi alterada na
edição, mostra que a mesma mulher, ao acordar, tem a casa invadida por seis
homens. "Abra a porta logo que quero entrar. Não adianta se esconder. O
tigrão vai te pegar" , fala um deles em trecho da música.
Correndo do grupo, que é composto pelos próprios integrantes
da banda, a mulher diz: "Mas eu tô com medo. Você vai me machucar?".
Em resposta, um diz: "Sou o seu tigrão gostoso. Só precisa relaxar. É na
hora do espanto que o bicho vai, toma, toma, então toma".
Fonte: Portal G1
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