O Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a
Mulher foi lembrado na América Latina com atividades que evidenciaram o tamanho
de um problema social pelo qual já passaram 70% das mulheres no mundo, segundo
dados da ONU.
Neste ano morreram na América Latina pelo menos 1.800
mulheres por causa da violência de gênero. E estes dados não incluem Brasil e
México, que não têm disponíveis números tão atualizados.
A campanha mundial Organização das Nações Unidas pediu que
hoje as mulheres usassem uma peça laranja para fazer visíveis os milhares de
casos ocultos pelo medo e denunciar que 603 milhões de mulheres e meninas vivem
em países onde a violência de gênero segue sem ser considerada um crime.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, cobrou que todos os
governo combatam essa opressão com vontade política, com aumento dos recursos
para prevenção, atenção e erradicação "nos lares, nas escolas, em cada
país e em cada sociedade".
A América Latina não ignora um flagelo que a presidente
Dilma Rousseff diz "envergonhar" qualquer sociedade que quer ser
"mais justa, cidadã e solidária".
Segundo dados da Comissão Econômica Para a América Latina e
o Caribe, 45% das mulheres da região dizem já ter recebido ameaças por seus
companheiros, sejam namorados ou maridos.
Não só há milhares de mulheres latino-americanas que são
vítimas da violência de gênero, mas a data escolhida pela ONU para o Dia
Internacional está relacionada com a região. É a data do do brutal assassinato,
em 1960, das irmãs dominicanas Pátria, Minerva e María Teresa Mirabal pela
ditadura de Rafael Trujillo.
A Bolívia é, segundo números do Pnud citadas pelo Programa
ONU-Mulheres, o país onde mais mulheres (52%) afirmam ter sofrido violência
sexual ou física pelo companheiro íntimo, seguida por Colômbia (39%), Peru
(39%) e Equador (31%).
O Centro de Informação e Desenvolvimento da Mulher da
Bolívia tem contabilizadas 89 mortes de mulheres por violência machista, o
feminicídio, nos primeiros dez meses do ano, mas adverte que pode haver muitos
mais casos, pois estes dados só se referem aos que forem divulgados nos meios
de comunicação.
No Equador, onde existe uma "discriminação
estrutural" contra meninas e mulheres segundo a ONG Plan International,
78% das meninas disse já ter recebido algum tipo de maus-tratos em seus lares,
e 41% nas escolas.
Segundo dados do Observatório de Feminicídio da ONG Casa do
Encontro, na Argentina foram assassinadas 1.236 mulheres e meninas nos últimos
cinco anos, 255 deles só em 2012.
A impunidade é "um dos principais e mais graves fatores
que promove a violência contra as mulheres", disse a Defensoria Pública da
Bolívia, país onde desde março o feminicídio é punido com até 30 anos de
prisão.
A falta de uma lei integral contra a violência contra as
mulheres e a carência de estatísticas oficiais de vítimas de maus-tratos são as
principais dívidas do Estado paraguaio nesse tema, disse à agência Efe o Comitê
da América Latina e o Caribe de Defesa dos Direitos da Mulher.
Fonte: EFE
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