"Jovem e Bela", de François Ozon, revisita o tema
da "A Bela da Tarde", de Louis Buñuel, sem a mesma agudeza e sob
uma chave adolescente.
Trata-se da história de uma garota de classe média de 17
anos, Isabelle (Marine Vacth), que mantém uma vida dupla como estudante e
garota de programa pela excitação da aventura, pela experiência. Não é por
dinheiro, nem para comprar uma roupa ou bolsa de grife de luxo, como acontece
em tantos lugares.
Contando com a beleza impecável da novata Marine Vacth e seu
rosto enigmático, Ozon, o experiente diretor de "Dentro de Casa" e
"Potiche - Esposa Troféu", arma uma história que sintoniza com o
contemporâneo, mas não vai além da superfície. Muito menos alcança o humor
cínico de Buñuel.
Acompanha-se as aventuras de Isabelle a partir do momento em
que a garota decide perder a virgindade com um namoradinho de verão alemão
(Lucas Prisor) e fica claramente decepcionada. Mas não é nenhum trauma o que
deflagra sua decisão de se prostituir.
Muito menos dinheiro. Ela nem mesmo parece ter prazer com
suas experiências, ao lado de homens casados, em hotéis de luxo, alguns
paternais e delicados, como Georges (Johan Luysen), outros brutais.
Também não tem qualquer problema com a família. Ela se dá
bem com o irmão menor, Victor (Fantin Ravat), que se torna seu cúmplice e
confidente. Sua mãe, Sylvie (Géraldine Pailhas), e o padrasto, Patrick
(Frédéric Pierrot), são compreensivos e atentos.
Claramente, se está diante de outros tempos, outros dilemas
adolescentes. Mas o filme só arranha a superfície de seus temas e nem mesmo sua
protagonista é muito crível. É fria demais para a idade que tem.
Pontuando uma procura de leveza, a história é contada ao
ritmo de quatro estações, cada uma delas tendo como tema uma antiga canção da
cantora Françoise Hardy. Sem psicologizar, nem fazer julgamentos morais, mas
também sem espírito nem ironia suficientes, o filme acaba não chegando a lugar
algum.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
Fonte: www.cinema.terra.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário