O dinheiro desviado dos cofres públicos da Prefeitura pelo
fiscal Luís Alexandre Magalhães, e gasto por ele com noitadas, ajudou a
alimentar um mercado que pode render até R$ 25 mil por mês para prostitutas de
luxo.
Domingo, ao “Fantástico”, o ex-agente de fiscalização da
Prefeitura de São Paulo disse que chegou a gastar de R$ 8 mil a R$ 10 mil em
noitadas com dinheiro desviado dos cofres municipais. Ele delatou o grupo de
funcionários públicos que fraudava o ISS (Imposto sobre Serviços).
O secretário de Governo de Fernando Haddad (PT), Antonio
Donato (PT), pediu afastamento do cargo após a investigação deflagrada pelas
denúncias de Luiz Alexandre respingar em seu gabinete.
A quantia gasta pelo ex-agente de fiscalização é alta,
evidente, mas, para a realidade das casas de prostituição de luxo de São
Paulo, o montante gasto pelo ex-servidor
não é raro. No Bahamas Club, um dos locais mais emblemáticos de prostitutas de
alto padrão do Brasil, segundo seu proprietário, Oscar Maroni, há casos de
clientes gastarem em apenas uma noite quase R$ 30 mil.
"Um empresário do setor naval do Sul do país gastou R$
27 mil em poucas horas, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Muitos
clientes levam várias garotas de uma vez para o quarto", afirmou.
LUGAR PARA POUCOS / São quatro as casas tidas como as mais
sofisticadas da capital. Bahamas Club, Scandalo Lounge, Café Photo e Bomboa
222, esta última onde Luiz Alexandre conheceu a ex-mulher, Vanessa Alcântara,
com quem tem um filho. São nestes lugares que garotas de programa conseguem uma
renda de até R$ 25 mil por mês.
A média de preço, apenas para entrar nessas casas, é de R$
230. "Há também os books, que são catálagos com fotos de prostitutas
famosas, que são atrizes, dançarinas de programas de auditório de grande
audiência.
Pagar por sexo com essas mulheres, tidas como celebridades ou subcelebridades, não sai
por menos de R$ 5 mil. Geralmente, esses
books ficam em hotéis cinco estrelas", disse o gerente de uma das
quatro principais casas noturnas de São Paulo, que pediu para não ter a
identidade revelada.
Promotoria vai
intimar construtoras a depor
O promotor responsável pela apuração do esquema de fraude do
Imposto Sobre Serviços (ISS), Roberto Bodini, vai convocar as construtoras BKO,
Trisul, Tarjab e Tecnisa para prestarem depoimentos sobre a acusação de que
teriam participado do esquema.
Até o momento, a Brookfield se apresentou ao Ministério Público
e contou que pagou R$ 4 milhões em propina, segundo o promotor. Uma testemunha
protegida deu informações sobre a participação da construtora Alimonti. Ainda
falta esclarecer, no entanto, a participação destas quatro construtoras.
O promotor afirma que não descarta pedir quebra de sigilo
bancário e fiscal das construtoras. "Se houver essa postura de continuar
se resguardando, de que não aconteceu nada, nós vamos ter que avançar",
disse Bodini.
Por meio de notas, a Construtora Tarjab e a BKO
incorporadora disseram que só se manifestarão após a notificação. O advogado da
Alimonti, José Luís de Oliveira Lima, afirmou ao G1 que a empresa procurou o MP
acompanhada de uma testemunha e que foi “uma vítima da ação da quadrilha”.
A Trisul, por meio de nota, diz "que desconhece o teor
da investigação que tramita no Ministério Público e que não foi instada até o
momento a prestar esclarecimentos". E completou: "A empresa se mantém
à disposição das autoridades para colaborar no esclarecimento dos fatos.”
A Tecnisa ainda não havia se manifestado até o fechamento.
Entrevista - Oscar Maroni, empresário da noite: 'O poder
faz os homens pagarem fortunas por sexo’
Psicólogo de formação, Oscar Maroni, 62 anos, que afirma ter
transado com mais de 2.500 mulheres, ostenta o título de 'rei' da noite
paulistana. Apesar do rótulo, ele passou por sérias dificuldades ao amargar por
seis anos o fechamento de sua boate, o Bahamas Club, reaberto em setembro.
Agora, passada a tempestade, ele se diz preparado para expandir os negócios e
fazer do sexo um dos cartões-postais de São Paulo. Veja abaixo os principais
trechos da entrevista, concedida nesta segunda.
DIÁRIO_ O que leva um homem a gastar R$ quase 30 mil em sexo
numa noite?
OSCAR MARONI_ A sensação de poder, de comando. Ter lindas
mulheres fazendo todos os seus caprichos é o sonho da maioria dos homens.
Realizar esse desejo é para poucos.
E o que leva mulheres bonitas, que poderiam estar
trabalhando em outras atividades, a se prostituir?
O dinheiro, claro. Mulher gosta de dinheiro. Tem também a
vontade de frequentar ambientes chiques e até mesmo uma ponta de fetiche.
O Luis Alexandre Magalhães (ex-agente da Prefeitura) ia ao
Bahamas?
Ele, pelo que sei, frequentava outra casa (a Bomboa 222).
Numa sociedade tão desigual como a brasileira, não é um
acinte gastar tanto dinheiro com prostitutas?
Não vejo assim. Vivemos uma democracia. Se o dinheiro é
fruto de trabalho honesto, cada um gasta como quiser. O que não pode é gente
como esse tal de Luis Alexandre gastar dinheiro de corrupção com prostitutas.
Aí, é revoltante. Com esse dinheiro poderiam ser construídas mais escolas,
hospitais, creches.
Semana passada, o ‘circo’ da Fórmula-1 desembarcou em São
Paulo. O movimento no Bahamas aumentou por isso?
Sim. Mas São Paulo não vive apenas de Fórmula-1. O Bahamas
fica cheio todos os dias. As pessoas gostam de sexo. Faz parte da natureza
humana.
Fonte: Diário de SP
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