As diferenças de valores entre as acompanhantes de luxo e as denominadas prostitutas de rua são abismais. Por mês, uma mulher que venda o corpo num bordel ou ao ar livre consegue entre 400 a 500 euros.
As paredes avermelhadas do apartamento deixaram Raquel intimidada. Estava numa das principais avenidas de Lisboa, num prédio repleto de empresas, e nunca pensara que um daqueles andares podia ser uma casa de prostituição de luxo.
A repórter do CM fez-se passar por Raquel, estudante universitária, de 22 anos, que queria ser acompanhante de luxo, para poder contar parte deste mundo escondido.
A ‘madame', uma loira elegante com cerca de 40 anos, olhou-a de cima a baixo sem sequer disfarçar. Raquel entrou. Conforto, música ambiente e mulheres a rir numa sala perto daquela. É ali que posam para os clientes, com roupas sensuais, para que eles escolham quem lhes vai saciar todos os fetiches sexuais. "São homens casados. Vêm procurar aqui o que não têm em casa", disse. Outras vezes, deslocam-se a hotéis. "É um mundo difícil. Não são acompanhantes, são prostitutas. O termo acompanhante é para se sentirem melhor", diz a patroa. Promete quatro mil euros por mês.
"Mas acha que não tenho perfil?", pergunta Raquel. A resposta é tentadora: "O teu ar puro vai chamar muitos homens."
As cerca de dez mulheres que trabalham naquela casa são todas mães solteiras e jovens. Para entrar lá, basta querer. Não pedem exames médicos, mas exigem que as acompanhantes levem preservativos. Raquel saiu com o aviso de que a porta estaria aberta, caso ela quisesse voltar.
Seguimos depois para a zona de Alvalade, onde a oferta de prostituição de luxo abunda. Mas desta vez, a repórter do CM - aqui também Raquel - foi entrevistada num café. Implacável e exigente, com uma imagem cuidada, a ‘madame', 50 anos, não tardou em fazer-lhe perguntas de cariz sexual. Num volume tão alto que fez com que algumas mulheres à volta se levantassem.
"Fazes tudo? Até anal? És liberal na cama? Há homens com pedidos estranhos. Na minha casa só entram pessoas importantes. Advogados, médicos, engenheiros." Ofereceu entre três mil a cinco mil euros, reforçados com as idas a hotéis, onde o valor aumenta.
Perante a gaguez de Raquel, a gerente rematou: "Isto não é fácil, mas também não é difícil. Há o vício do dinheiro". Depois, convidou-a a subir. "Queres vir ali acima para te ver em biquíni?". Raquel recusou. Momentos antes dissera que lá fora tinha o seu namorado, que não imaginava o que ela ia fazer. Foi o escape da repórter do CM.
PROSTITUIÇÃO DE RUA RENDE DEZ VEZES MENOS DO QUE A DE LUXO
As diferenças de valores entre as acompanhantes de luxo e as denominadas prostitutas de rua são abismais. Por mês, uma mulher que venda o corpo num bordel ou ao ar livre consegue entre 400 a 500 euros, garantiram várias casas ao CM. Na prostituição de luxo, o mínimo por mês discutido nas entrevistas presenciais ou por telefone foi de três mil euros, quase dez vezes mais.
Também a apresentação difere. Às acompanhantes é exigido que usem roupas sensuais, mas discretas. Já às profissionais que trabalhem num bordel ou na rua, é aconselhado que se vistam de forma vistosa: minissaias, saltos muito altos e tops justos.
Numa terceira entrevista para acompanhante de luxo a que a repórter do CM foi - novamente como Raquel - as exigências em termos de uma imagem sóbria mas cuidada ficaram claras. "O verniz das unhas tem de estar perfeito. E não te vistas de forma demasiado provocante. Os homens que te contratam gostam de mostrar quem vai com eles, mas também querem sentir que estão ao mesmo nível", afirmou uma empresária de Benfica ainda em actividade. Devido ao número elevado de clientes, estava a pedir uma colaboradora.
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