"A denúncia de tráfico humano na Região de Altamira,
que veio à tona nos grandes meios de comunicação, no último dia 13 de fevereiro
de 2013, é apenas mais uma tragédia anunciada sobre as mazelas sociais
produzidas em conseqüência da Construção da Usina Hidrelétrica de Belo
Monte", afirma a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos – SDDH,
em nota divulgada pelo Movimento Xingu Vivo Para Sempre, 18-02-2013.
Por quase 30 anos o projeto de construção da Hidrelétrica de
Belo Monte na região de Altamira, no Xingu, foi propagada pelos grandes grupos
econômicos interessados no empreendimento e pelo estado brasileiro como mais um
grande projeto para a Amazônia que traria o tão desejado progresso para a
região.
Porém, desde o anúncio da construção da mesma, diversas
organizações e movimentos sociais fizeram lutas e resistência buscando alertar
a sociedade e os governos sobre os impactos e violações de direitos que poderiam
ser ocasionados em virtude de tal empreendimento. Pois o mesmo segue à uma
concepção de desenvolvimento que não está preocupado com o vida do povo, mas
somente com os autos lucros das grandes empresas.
Com o início das obras da Usina, tais previsões passaram a
ser realidade na vida do povo da Região de Altamira, seja na vida dos que lá já
habitavam, seja daqueles que migraram para esta Região com a esperança de dias
melhores. As condicionantes exigidas sequer foram cumpridas e os direitos dos
atingidos pela obra, dos trabalhadores, dos moradores da cidade, passaram a ser
violados, sem contar com os danos ambientais causados.
A denúncia de tráfico humano na Região de Altamira, que veio
à tona nos grandes meios de comunicação, no último dia 13 de fevereiro de 2013,
é apenas mais uma tragédia anunciada sobre as mazelas sociais produzidas em
conseqüência da Construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
Segundo reportagem de Verena Glass, e de matéria publicada
no site da revista Época no dia 14/02/2013 o dono da Boate Xingu que traficava
e explorava sexualmente meninas é um ex-barrageiro e que o mesmo tinha outra
Boate nas proximidades das construções da Hidrelétrica de Jirau, Rondônia.
Segundo depoimento dado por uma das mulheres resgatadas os clientes da Boate
eram exclusivamente trabalhadores das obras de Belo Monte. Vale ressaltar que
os movimentos sociais tem constantemente denunciado situações que envolvem
exploração sexual de mulheres nos grandes projetos implantados na Amazônia.
Sequer as redes de exploração sexual contra crianças e adolescentes instaladas
a anos em Altamira foram enfrentadas, antes que se desse início a esta
empreitada nociva ao povo da região amazônica que é Belo Monte.
O tráfico de pessoas sempre envolve uma rede criminosa muito
bem articulada e organizada, que atua principalmente nas realidades de
vulnerabilidade social devido à falta de políticas públicas, realidades
propensas ao aliciamento por parte destes criminosos.
Responsabilizamos o Estado Brasileiro, e em especial o
Governo Federal, nas pessoas do Ex-presidente Lula e da atual presidente Dilma
Rousseff, por esta tragédia que se abate sobre pessoas, adultas ou
adolescentes, que foram traficadas e escravizadas para exploração sexual, pois
estes governantes sabiam das consequências nefastas da obra e decidiram faze-la
custe o que custasse. O resultado não poderia ser outro.
Entendemos que o estado, e de forma especifica o Judiciário,
ainda pode e deve adotar uma postura corajosa de evitar outros tipos de
violação de direitos causados nestes grandes empreendimentos. Ações, processos e
denúncias não faltam, seja no Brasil, seja no exterior.
Basta de destruição e de sofrimento. Basta de Belo Monte.
Belém-PA, 15 defevereiro de 2013.
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