A mutilação genital feminina afeta cerca de 140 milhões de
crianças e mulheres em todo o mundo. Cada ano mais de 3 milhões de crianças
correm o risco de sofrê-la e calcula-se que na Espanha cerca de 10.000 menores
possam estar em risco.
A reportagem está publicada no jornal espanhol La
Vanguardia, 06-02-2013. A tradução é do Cepat.
Os dados são da própria Organização Mundial da Saúde (OMS)
e, embora custe a acreditar, pertencem ao século XXI. A ablação é realizada em
28 países africanos, apesar de estar penalizada em mais de 20 deles, além de em
alguns países do Oriente Médio e Ásia, e em mais de 12 países industrializados
com população imigrante.
No total, calcula-se que no mundo haja mais de 100 milhões
de mulheres mutiladas. Por isso, e por ocasião do Dia Mundial da Tolerância
Zero contra a Mutilação Genital Feminina, que é comemorado no dia 06 de
fevereiro, organizações como a World Vision, Médicos do Mundo e o Conselho da
Juventude da Espanha unirão suas vozes para sensibilizar sobre a importância de
erradicar esta prática sofrida por milhões de mulheres pelo simples fato de
serem mulheres.
No caso da Espanha, a legislação ampara a luta contra a
ablação, e está tipificada como crime no Código Penal. Além disso, desde 2007,
a lei espanhola inclui na categoria de ‘pessoas refugiadas’ as mulheres que
fogem de seu país por motivos de gênero.
Apesar desta proteção legal, o Conselho da Juventude insta a
“não baixar a guarda” e alerta que famílias de origem subsaariana que residem
na Espanha possam praticar este tipo de violência.
A Amnistia está ainda preocupada com a possibilidade de as
vítimas – adultas ou menores – não estarem a receber tratamento adequado na
Europa, por falta de “linhas de orientação ou formação” sobre a proteção que
lhes deve ser concedida.
Em Portugal, desconhece-se a dimensão do fenómeno. A base de
dados sobre a matéria já foi elaborada pelos serviços de saúde, mas o
tratamento da informação está ainda dependente de autorização da Comissão
Nacional de Proteção de Dados.
Estima-se que 140 milhões de mulheres tenham sido submetidas
à mutilação genital feminina em todo o mundo e que três milhões de meninas
estejam em risco anualmente.
Lesões irreversíveis
A prática, que causa lesões físicas e psíquicas permanentes,
é mantida em cerca de 30 países africanos, entre os quais a lusófona
Guiné-Bissau, onde se estima que 50 por cento das mulheres sejam afetadas.
A mutilação genital feminina é feita de diversas formas: em
algumas corta-se o clítóris, noutras os grandes e os pequenos lábios. Uma vez
concretizada, é irreversível e se a vítima sobreviver irá sofrer consequências
físicas e psicológicas permanentes.
Além do sofrimento que as mutiladas sente no momento do
corte, o processo de cicatrização é acompanhado com frequência por infeções,
devido ao uso de utensílios contaminados, e dores ao urinar e defecar. A
incontinência urinária e infertilidade são outras das sequelas.
O facto de serem usadas as mesmas lâminas para mutilar
várias crianças aumenta o risco de se contrair o vírus da SIDA.
Além da mãe, também os recém-nascidos podem sofrer com a
mutilação. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a taxa de mortalidade
infantil é mais elevada em 55 por cento em mulheres que sofreram uma mutilação
de tipo III (a infibulação, que consiste em fechar a abertura vaginal).
Fonte: Ihu
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