Diariamente, mais de duas mil mulheres registram queixa no
Brasil contra a violência de seus maridos, namorados e companheiros. Em mais da
metade dos casos, elas sofrem tentativa de homicídio. Só no primeiro semestre
de 2012, o Disque Denúncia do Governo Federal prestou quase 390 mil
atendimentos, quase 100 mil a mais do que no ano anterior.
Esse número pode ser bem maior, já que muitas vítimas não
denunciam os agressores. As causas dos espancamentos são variadas e muitas
vezes fúteis, mas predomina o ciúme e a não aceitação do fim do relacionamento.
Foi por não aceitar o término, que um motorista manteve a
ex-mulher refém por quatro dias, na casa dela, em São Paulo. Na madrugada da
última quarta-feira (23), quando os policiais invadiram o local, ele a matou a
facadas.
Outro caso, também em São Paulo, foi registrado por uma
câmera de segurança. Um homem atirou contra a ex-companheira, que foi atingida
por vários tiros e morreu. Apesar da confissão do crime e de ter passagens pela
polícia, o assassino vai responder em liberdade.
A empresária Luciana Silva sofreu com a violência do marido
e, mesmo depois da separação, continuou sofrendo ameaças. "Eu casei com um
príncipe que se tornou um sapo. Ele era um ‘gentleman’, ele seduziu a mim, a
minha família, os meus amigos e foi se transformando em uma pessoa agressiva,
agressiva com palavras, humilhações e chegou ao ponto de eu sair de casa
escoltada pela polícia”, relata.
A empresária registrou 10 boletins de ocorrência contra o
ex-marido. Na última terça-feira (22), ele foi preso em regime domiciliar.
Mesmo com ele detido, Luciana afirma não ter perdido o medo.
Nem mesmo dentro de um hospital, em Santana do Livramento,
no Rio Grande do Sul, uma mulher ficou protegida. O ex-marido de Fernanda,
Rodrigo Moreira, disparou cinco vezes contra ela, que foi atingida na cabeça,
mas sobreviveu. Ele foi preso.
A violência contra as mulheres acontece em todo o país. Em
Maceió, só em janeiro deste ano já são 274 casos registrados. O problema é que
a maioria desiste de levar o processo adiante. “Elas chegam dizendo que não
querem ofender seus maridos, não querem prejudicá-los por questão de emprego,
por conta de pedido dos filhos. Elas alegam vários pedidos para
renunciar", afirma Paulo Zacarias, juiz de violência doméstica e familiar
contra a mulher.
Fonte: Jornal Hoje
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