Integrantes de um grupo formado por cerca de 700 internautas
se reuniram nesta semana com representantes do escritório de advocacia onde
estagiava a universitária Viviane Alves Guimarães Wahbe, de 21 anos. Em
dezembro do ano passado, a estudante de direito da PUC-SP morreu ao cair da
sacada do sétimo andar do prédio onde morava, no Morumbi, zona sul de São
Paulo. Ela teria apresentado alteração brusca de humor poucos dias após a festa
de fim de ano do escritório, considerado um dos maiores do País.
O grupo, que criou uma página no Facebook para cobrar
transparência no caso, foi procurado pelo escritório na quarta-feira (16),
segundo informou ao R7 um dos membros, que preferiu não se identificar. Foi
agendado, então, um encontro na última segunda-feira (21), quando ficou
estabelecido que seria elaborado um documento com perguntas dos internautas. O
escritório se comprometeu a respondê-las, mas sem atrapalhar as investigações
da polícia.
Os questionamentos estão sendo organizados nesta
quinta-feira (24) para o envio posterior ao escritório de advocacia, que foi
procurado pelo R7 e confirmou as informações passadas pelo grupo.
"Ato pelo fim do silêncio"
No próximo dia 29, integrantes do grupo pretendem participar
de um ato, organizado por coletivos feministas da cidade, na porta do prédio
onde Viviane estagiava. “Levem filmadoras, máquinas fotográficas, cartazes.
Haverá baterias, coletivos e muito barulho”, diz o convite, que sugere que os
manifestantes usem roupas pretas no dia, representando luto.
Repercussão na rede
O grupo que pede transparência na apuração da morte da
estagiária não foi o único a usar o Facebook para se mobilizar. Na mesma rede
social, foi criado um evento: “Viviane Alves Guimarães Wahbe – não
esqueceremos”. No texto de apresentação, os autores da iniciativa –
representantes da Marcha das Vadias de Curitiba (PR) – explicaram que a ideia é
“concentrar informações sobre a investigação do caso”.
No Twitter, foram replicados textos sobre a história
postados em sites e blogs reforçando como são misteriosas as circunstâncias da
morte da estudante.
Investigação sob sigilo
Por determinação da Justiça, a apuração corre em sigilo. Há
cerca de duas semanas, a polícia mudou a técnica de investigação do caso. O
inquérito passou a ser presidido por três delegados, com o objetivo de acelerar
os trabalhos.
Uma das frentes de investigação está sendo focada na questão
dos fármacos e das drogas que podem ter influenciado o comportamento da
universitária, incluindo o medicamento prescrito pela médica que atendeu a
jovem em um hospital da capital, dias depois da confraternização do escritório.
O remédio costuma ser indicado em casos de epilepsia e mudança de humor.
A outra frente é focada na possibilidade de crime sexual.
Entre as questões apuradas pelo delegado responsável, está o suposto estupro
que Viviane relatou à mãe. No boletim de ocorrência, a mãe disse que a filha
declarou ter sido violentada na noite da festa da firma, em 24 de novembro –
nove dias antes do suicídio. Revelou ainda que Viviane contou ter bebido duas
taças de champanhe e que tinha apenas flashes de memória da festa.
O terceiro delegado ficará responsável por apurar, entre
outros, se houve assédio moral e sexual em relação a Viviane. À polícia, a mãe
da estudante de direito relatou que a estagiária reclamava “por estar sofrendo
um intenso assédio do chefe no trabalho”.
Em nota, divulgada no início da investigação, o escritório
afirmou que não há indícios de qualquer relação direta ou indireta entre o
evento comemorativo e a morte da jovem. Acrescentou que sempre proporcionou um
ambiente ético e negou qualquer fato que tenha fugido a essa conduta.
Fonte: R7
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