A Anistia Internacional publicou,
nesta segunda-feira (18) dados preocupantes sobre abusos sofridos por mulheres
refugiadas no caminho entre seus países de origem e nações europeias.
De acordo com a organização, os
governos e as agências de ajuda humanitária estão fracassando em garantir a
proteção de direitos básicos às mulheres que, em sua maioria, fogem e conflitos
na Síria e no Iraque.
Foram entrevistadas 40 refugiadas
no último mês. As mulheres e meninas viajaram da Turquia para a Grécia, e então
pelos Balcãs - a maioria tenta chegar à Alemanha. Todas elas afirmaram ter se
sentido ameaçadas e inseguras durante a jornada. Várias também contaram ter
sido vítimas de abusos físicos, exploração financeira e sexual.
"No hotel na Turquia, um dos
homens que trabalhava com o traficante, um sírio, disse que se eu dormisse com
ele, eu não pagaria, ou pagaria menos. Claro que eu disse não, foi
nojento", conta uma jovem de 23 anos, que fugiu de Alepo, na Síria, que
diz ainda que esse tipo de "oferta" é algo rotineiro.
"Depois de passarem pelos
horrores da guerra no Iraque e na Síria, essas mulheres arriscaram tudo para
encontrar segurança para elas e para seus filhos. No entanto, no momento em que
elas começam essa jornada, elas são expostas novamente à violência e à
exploração, com pouquíssimo suporte ou proteção", afirmou Tirana Hassan,
da Anistia Internacional.
Segundo a Anistia, os perigos são
maiores principalmente para as mulheres que viajam sozinhas. Em campos na
Hungria, na Croácia e na Grécia, elas são obrigadas a dormirem em tendas com
centenas de homens. Em alguns casos, as refugiadas preferem dormir na praia,
porque se sentem mais seguras ali.
Há também relatos de homens e
mulheres dividindo o mesmo banheiro e homens querendo observar as mulheres
enquanto elas vão ao toalete. Por isso, muitas delas passam longos períodos sem
comer nem beber nada.
"Se essa crise humanitária
estivesse se desenrolando em qualquer outro lugar do mundo, nós imediatamente
esperaríamos que medidas práticas fossem tomadas para proteger os grupos mais
vulneráveis. Essas mulheres e seus filhos fugiram de algumas das áreas mais
perigosas do mundo e é vergonhoso que elas ainda corram riscos mesmo em solo
europeu", criticou Tirana.
A Anistia ainda teve acesso a
sete mulheres grávidas, que relataram falta de acesso à comida e a cuidados
básicos de saúde. Uma das entrevistadas veio da Síria, e viajou junto com o
marido, mas tinha medo de dormir cercada por homens. Ela estava grávida e amamentando
a filha mais nova.
Outra, uma iraquiana de 22 anos,
contou que um policial alemão ofereceu roupas para ela, caso a jovem
"passasse um tempo sozinha" com ele.
"O melhor jeito de evitar
esses abusos e explorações seria se os governos europeus permitissem a chegada
de refugiados por rotas legais e seguras", sugeriu Tirana.
Fonte: BrasilPost
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