1. Que nós mulheres sejamos respeitadas pelos nossos direitos e nossas liberdades e não sejamos culpadas pelas nossas escolhas;
2. Que os homens se engajem mais nessa causa, evitando qualquer resistência às nossas conquistas e se conscientizando de que não estamos contra eles, mas sim a favor de uma sociedade mais justa e com iguais oportunidades para homens e mulheres;
Sim. 2015 foi um ano de avanços e vitórias feministas, foi um ano em que as jovens não só abraçaram a causa, como também foram para as ruas evitar retrocesso aos seus direitos por questões ideológicas, religiosas, políticas, econômicas. Foi o ano da visibilidade da luta pela igualdade de gênero e pelo empoderamento feminino. Flashes iluminam minha memória e trazem à tona uma enxurrada de momentos de entusiasmo, de coração acelerado, de felicidade, como se estivéssemos aplaudindo, em pé, as mulheres ganhando a estatueta do Oscar.
E tudo isso é maravilhoso.
Mas o que esperar de 2016?
Se de um lado, iniciamos o ano com a notícia de que muitas meninas tiraram a nota MÁXIMA na prova do ENEM, de outro lado, 2016 já nos trouxe notícias da perpetuação da violência contra a mulher e onipotência sexual.
Na Alemanha, aproximadamente 240 mulheres foram vítimas de arrastão de ataques sexuais na noite do Ano Novo. Na Índia, um dos jovens responsáveis pelo estupro coletivo de Jyoti Singh, foi posto em liberdade, após ter ficado apenas três anos cerceado de sua liberdade.
Aqui no Brasil, numa praia do litoral Norte, uma moça de 16 anos sofreu assédio sexual numa balada por se recusar a beijar um jovem, que a puxava pelos braços. Sua amiga, ao vê-la no chão tentou defendê-la, mas uma garrafa foi arremessada na sua direção, após ter sofrido xingamentos e humilhações em público. Essa moça, que sofreu dois cortes nos lábios, diga-se de passagem, é minha filha. O moço, autor da violência, é um estudante da Faculdade Getúlio Vargas.
É claro que ensinamos as meninas a se defenderem, a denunciar, a buscar ajuda, a não se calar, a fazer um escândalo. Hoje as mulheres têm voz, têm informação, têm coragem para dizer NÃO, têm leis à disposição delas e, em sua maioria, estão mais preparadas do que antes para enfrentar qualquer tipo de violência e discriminação. Tudo isso conquistado com luta, sacrifício, muita dor, mas muita paixão.
E e os homens? Como eles se comportam? Ás vezes a sensação que dá é de que quanto mais direitos as mulheres conquistam, mais resistência se tem por parte dos homens. Será que eles estão preparados para assumir essa posição de igualdade que tanto almejamos? Se caminharmos pelas estatísticas, a resposta é não, uma vez que em 95% dos casos de violência, assédio e discriminação contra as mulheres, é um homem quem comete essa conduta.
Como vamos avançar dessa forma?
Poderia aqui literalmente "rodar a baiana, soltar os cachorros" e fazer uso de um discurso inflamado que hoje toma conta do meu instinto de mãe e de promotora e justiça. Mas preferi aproveitar o início do ano e fazer um pensamento positivo, como se estivesse pulando as ondas da sorte na virada do ano, desejando 10 realizações importantíssimas para as mulheres:
1. Que nós mulheres sejamos respeitadas pelos nossos direitos e nossas liberdades e não sejamos culpadas pelas nossas escolhas;
2. Que os homens se engajem mais nessa causa, evitando qualquer resistência às nossas conquistas e se conscientizando de que não estamos contra eles, mas sim a favor de uma sociedade mais justa e com iguais oportunidades para homens e mulheres;
3. Que todas as meninas e mulheres em situação de violência tenham à disposição atendimento digno, humanizado e em um único espaço, a exemplo da Casa da Mulher Brasileira, e de preferência 24 horas por dia e os 7 dias da semana.
4. Que haja menos preconceito, discriminação e violência contra as com as mulheres negras, homossexuais e transsexuais.
5. Que haja mais mulheres na liderança dos Poderes Legislativo, Executivo, Judiciário, Ministério Público e que os homens que lá estão sejam mais sensíveis com a causa da mulher e mais conscientes de nossos direitos.
6. Que haja mais projetos e políticas públicas voltadas para uma verdadeira aculturação masculina, de acordo com os ditames legais e atuais, para a reeducação do agressor e que zelem pela punição efetiva, rompendo o ciclo da violência e o estereótipo de masculinidade imposto socialmente.
7. Que não haja tolerância a nenhum tipo de violência, assédio, preconceito ou discriminação contra as meninas e mulheres.
8. Que possamos assistir ao filme Suffragette cada vez que nos bater o desânimo ou nos faltar força para lutar. Sabemos exatamente o sentido que isso faz na nossa vida.
9. Que o espírito Olímpico de 2016 incendeie o coração das brasileiras e brasileiros de ânimo para praticar mais atividades físicas, viverem com mais qualidade de vida e esperança de um mundo mais saudável e sustentável.
10. Que o ano de 2016 seja muito melhor que o ano de 2015.
Ainda não sabemos o que será o amanhã. Responda quem puder. Transforme-se quem quiser. Façam seus desejos, ainda dá tempo. O ano só começou.
Fonte: BrasilPost
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