A leitura que a Igreja propõe
neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16, 13-19 que
corresponde a Festividade de São Pedro e
São Paulo, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola
comenta o texto.
O episódio tem lugar na região
pagã da Cesareia de Filipo. Jesus interessa-se por saber o que se diz entre as
pessoas sobre Ele. Depois de conhecer as diversas opiniões que há entre o povo,
dirige-se diretamente aos Seus discípulos: “E vós, quem dizeis que Eu sou?”.
Jesus não lhes pergunta que é que
pensam sobre o sermão da montanha ou sobre a Sua atuação de curar entre as
populações da Galileia. Para seguir Jesus, o decisivo é a adesão à Sua pessoa.
Por isso, quer saber o que é que captam Nele.
Simão toma a palavra em nome de
todos e responde de forma solene: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”.
Jesus não é um profeta mais entre outros. É o último Enviado de Deus ao seu
povo eleito. Mais ainda, é o Filho do Deus vivo. Então Jesus, depois de
felicitá-lo, porque esta confissão só pode vir do Pai, diz-lhe: “Agora eu te
digo: tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”.
As palavras são muito precisas. A
Igreja não é de Pedro mas de Jesus. Quem edifica a Igreja não é Pedro, mas
Jesus. Pedro é simplesmente “a pedra” sobre a qual se assenta “a casa” que está
a construir Jesus. A imagem sugere que a tarefa de Pedro é dar estabilidade e
consistência à Igreja: cuidar que Jesus a possa construir, sem que os Seus
seguidores introduzam desvios ou reducionismos.
O Papa Francisco sabe muito bem
que a sua tarefa não é “fazer as vezes de Cristo”, mas cuidar que os cristãos
de hoje se encontrem com Cristo. Esta é a sua maior preocupação. Já desde o
início do seu serviço como sucessor de Pedro, dizia assim: “A Igreja há de
chegar a Jesus. Este é o centro da Igreja. Se alguma vez acontecesse que a
Igreja não levasse a Jesus, seria uma Igreja morta”.
Por isso, ao fazer público o seu
programa de uma nova etapa evangelizadora, Francisco propõe dois grandes
objetivos. Em primeiro lugar, encontrar-nos com Jesus, pois “Ele pode, com a
Sua novidade, renovar a nossa vida e as nossas comunidades… Jesus Cristo pode
também acabar com os esquemas aborrecidos nos quais pretendemos encerrá-Lo”.
Em segundo lugar, considera
decisivo “voltar à fonte e recuperar a frescura original do Evangelho”, pois,
sempre que o fazemos, brotam novos caminhos, métodos criativos, sinais mais
eloquentes, palavras carregadas de renovado significado para o mundo atual”.
Seria lamentável que o convite do Papa para impulsionar a renovação da Igreja
não chegasse até os cristãos das nossas comunidades.
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