A riqueza dos 80 mais ricos do
planeta é "aproximadamente a mesma que a de 3,5 bilhões das pessoas mais
pobres". A declaração é do relator da ONU
sobre pobreza extrema e direitos humanos, Philip Alston, que disse que esse é
um motivo de vergonha. O especialista falou na 29ª sessão do Conselho de
Direitos Humanos, que está sendo realizada em Genebra.
Ele mencionou a proporção após
dizer que o aumento dramático dos níveis de desigualdade foi "a maior
mudança social nas últimas décadas". Alston destacou que isso não ocorreu
apenas entre ricos e pobres, mas entre super-ricos e o resto.
O relator afirmou que, em muitos
casos, os 40% dos menores beneficiários da distribuição de renda regrediram.
Para ele, a situação deve-se às atuais escolhas políticas e "as tendências
continuam aumentando dramaticamente".
Para o especialista, deve-se
reconhecer que a preocupação não é apenas com os desequilíbrios na renda mas
com uma "série de desigualdades extremas em relação à riqueza como acesso
à educação, à saúde, à habitação" e outras.
Alston propôs uma resposta
baseada nessas ameaças profundas para os direitos econômicos, sociais e
culturais mas também "pelo fato dos direitos civis e políticos serem
prejudicados pela extrema desigualdade".
Por último, o relator declarou
que o Conselho deve tomar várias medidas para o fim da desigualdade. Alston
pediu aos 47 Estados-membros do órgão que façam mais para resolver o problema
além de adotar somente um documento com "belas palavras".
Para o especialista, as
instituições econômicas internacionais preocupam-se com o desgaste do tecido
social, com o enfraquecimento da confiança nas instituições e com a ameaça à
justiça e à instabilidade macroeconômica.
Outros fatores apontados foram o
subaproveitamento de recursos humanos e os riscos da captura dos sistemas
econômicos e políticos.
As Nações Unidas estão fazendo os
acertos para criar a nova agenda global com foco em ações de desenvolvimento
sustentável.
O especialista considerou um
passo significativo a última versão da proposta por que ela faz uma referência
aos direitos humanos. Mas chamou a atenção ao fato de nenhum desses 17
objetivos expressarem explicitamente os direitos fundamentais.
Fonte: Brasil Post
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