“Tentei retratar esses imigrantes
de forma digna, bonita, para que as pessoas pudessem olhar em seus olhos e
reconhecerem os seres humanos que são, buscando uma qualidade de vida melhor”,
disse o fotógrafo, que também tinha o intuito de aproximá-los dos brasileiros,
que em sua maioria são descendentes de imigrantes e diariamente buscam o melhor
para si e para a família.
Antônio Emygdio, 36 anos, visitou
a Paróquia Nossa Senhora da Paz durante uma semana inteira e não foi por
devoção cristã. Seu propósito era o de fotografar imigrantes que,
recém-chegados à cidade de São Paulo, procuraram abrigo no templo.
Ao todo, o fotógrafo retratou
cerca de 40 imigrantes de países como Peru, Bolívia, Colômbia, e principalmente
Haiti, com o auxílio do fotojornalista da Agência Magnum, Moises Saman, que,
dentre seus trabalhos, tem uma série de fotografias do Haiti após o terremoto
de 2010. Os retratos feitos por Emygdio remetem à foto de um passaporte: “é
essa identidade que eles carregam, é a única coisa que eles têm que os
identifique”. Depois de fotografadas, as pessoas recebiam uma cópia impressa da
imagem.
Ele contou que iniciou a
aproximação com os recém-chegados conversando sobre suas trajetórias e
surpreendeu-se. “Eu perguntava de onde eles eram e percebi que muitos tinham
ensino superior em turismo, design, tinham eletricistas, não eram só
trabalhadores braçais como muitos acreditam. E eles falam vários idiomas, como
inglês, espanhol, francês e estavam aprendendo português”.
Uma das histórias marcantes foi a
de um senhor vindo da Colômbia fugindo das FARC, que tinham assassinado toda
sua família. “Ele já estava no Brasil há anos, vivia na rua, e com ele descobri
que a falta de água potável, por vezes, é um problema maior do que a falta de
comida”.
Mas o que mais chamou a atenção
do fotógrafo foi o otimismo desses imigrantes. “Eles são muito esperançosos,
vieram para construir uma vida nova e querem começar a trabalhar logo, deixando
para trás a vida de miséria que levavam”.
Ele contou que nenhum dos
imigrantes chegou a pedir dinheiro, mas queriam um emprego e contatos. “Senti a
maior frustração em não poder ajudar mais do que divulgar as fotos e chamar
atenção para a causa, resgatando a humanidade dessas pessoas, que não são
meramente ‘dezenas de imigrantes que chegaram a São Paulo’”.
Os retratos realizados estão em
exposição na 6ª Mostra SP de Fotografia da DOC Galeria, espalhados por postes
nas ruas da Vila Madalena.
Fonte: Geledes
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