De 18 a 20 de novembro, a Pastoral
da Mulher de BH em parceria com a Enfermagem da UFMG realizou o Seminário “Diálogos Pela Liberdade:
Prostituição e Corporeidade”.
Nos dois primeiros dias, o evento
aconteceu na Escola de Enfermagem da UFMG – Auditório Maria Sinno, e contou com
a participação de estudantes, professores, profissionais de saúde, comunidade
em geral.
Na tarde do dia 18/11, Regina
Medeiros, Doutora em Antropologia Social e Cultural, abriu o seminário trazendo
o conceito de prostituição ao longo da história e como esse conceito é
influenciado pela cultura de cada lugar. Durante sua palestra, Regina propôs
uma reflexão sobre o conceito de prostituição como “troca de sexo por
dinheiro”, já que atualmente existem várias outras formas de “trocas” para se
obter sexo, incluindo o sexo virtual.
No mesmo dia, Juliana Jayme,
Doutora em Ciências Sociais/UNICAMP, expôs a pesquisa “Mulheres da “zona
grande”. Negociando identidade, trabalho e território”, que foi realizada com a
colaboração da Pastoral da Mulher de Belo Horizonte, e destacou que a grande
rotatividade dos hotéis dificulta que as mulheres se fortaleçam como grupos
para reivindicar melhorias nas condições de trabalho e denunciar as violações
de direitos que sofrem no exercício da prostituição.
Denise de Paulo, integrante da
Executiva Estadual do Movimento Nacional das Entidades Negras, representou o
Coletivo de Mulheres Negras de Minas Gerais, falou do imaginário popular que
“pesa sobre a mulher negra desde a senzala como objeto de prazer do
‘sinhozinho’”. Ressaltou ainda que, apesar das lutas e vitórias em favor da
causa negra, ainda há muito para conquistar.
Dando continuidade ao seminário,
no dia 19/11, Lilian, integrante do Grupo Começar de Novo – grupo que conta com
o apoio da Pastoral da Mulher de Belo Horizonte, falou de suas experiências
enquanto trabalhava na prostituição e as possíveis doenças que a mulher na
atividade pode adquirir por falta de informações, cuidados com a saúde e muitas
vezes por baixa auto estima. Lilian reforçou que a maior dificuldade é ter que
esconder da família a atividade que realiza. “Eu paguei muito bem pelo silêncio
de minha família. O fogão novo, a geladeira, a reforma da casa... A família é o
maior gigolô da mulher”, comentou Lilian.
Após a fala de Lilian, foi
exibido o filme “O que a vida fez da gente, o que a gente fez da vida”,
produzido pela Pastoral da Mulher BH em parceira com o UNODC – Escritório das
Nações Unidas contra as Drogas e o Crime. O filme traz as histórias de várias
mulheres que são atendidas pela Pastoral, buscando ressaltar suas lutas para
superar as dificuldades cotidianas.
Na mesma tarde, Alessandra
Sampaio Chacham – professora de sociologia da PUC Minas palestrou sobre o tema:
“A Saúde da Mulher Prostituta”. O desenvolvimento da palestra aconteceu por
meio das experiências acumuladas nos Projetos do qual a mesma foi integrante:
“Na Batalha pela Saúde” e “LEDA – nas ruas, pela vida”. O enfoque principal foi
a prevenção de DST/AIDS no exercício da prostituição.
Em seguida, Isabel Cristina
Brandão Furtado, Psicóloga e integrante da Pastoral da Mulher de BH,
desenvolveu o tema: “Saúde Mental e Cidadania”. Falou da importância dos
primeiros cuidados na infância para construção da identidade e desenvolvimento
da cidadania na vida adulta. Ressaltou que a autoconfiança, o auto respeito e
autoestima são fundamentais para que a pessoa se reconheça como sujeito
político e cidadão.
No dia 20/11, o seminário
“Diálogos pela Liberdade: Prostituição e Corporeidade” foi encerrado na sede da
Pastoral da Mulher de Belo Horizonte. Desde o período da manhã, a equipe
iniciou as atividades com comemoração pelo dia da Consciência Negra.
Trabalhando com as mulheres os valores e a beleza da cultura afro, relembrando
a luta e resistência do povo negro escravizado. Com músicas africanas, usando
turbantes e adereços tradicionais das mulheres africanas, um grupo saiu pelas
ruas com o objetivo de relembrar o “20 de novembro”: data de luta e valorização
da cultura negra.
No período da tarde, aconteceu o
momento cultural que contou com a apresentação de dança africana por um grupo
de Umbanda. Após a apresentação o grupo “Di Lopes e Banda” alegrou e movimentou
o encerramento com muita música e dança. A aluna Daiane, da escola de
Enfermagem UFMG e seu professor de dança, fizeram uma linda coreografia de
samba ensinando as mulheres presentes a sambar.
O espaço de acolhida foi decorado
com fotos de mulheres e crianças negras que frequentam a Pastoral, objetos da
cultura afro e com a frase: “Não sou descendentes de escravos. Eu descendo de
seres humanos que foram escravizados”. (Makota Malvina)
Fonte: AssCom/Pastoral da Mulher
de BH
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