terça-feira, 25 de novembro de 2014

Seminário “Diálogos Pela Liberdade: Prostituição e Corporeidade" e Dia da Consciência Negra


De 18 a 20 de novembro, a Pastoral da Mulher de BH em parceria com a Enfermagem da UFMG  realizou o Seminário “Diálogos Pela Liberdade: Prostituição e Corporeidade”.

Nos dois primeiros dias, o evento aconteceu na Escola de Enfermagem da UFMG – Auditório Maria Sinno, e contou com a participação de estudantes, professores, profissionais de saúde, comunidade em geral.

Na tarde do dia 18/11, Regina Medeiros, Doutora em Antropologia Social e Cultural, abriu o seminário trazendo o conceito de prostituição ao longo da história e como esse conceito é influenciado pela cultura de cada lugar. Durante sua palestra, Regina propôs uma reflexão sobre o conceito de prostituição como “troca de sexo por dinheiro”, já que atualmente existem várias outras formas de “trocas” para se obter sexo, incluindo o sexo virtual.
No mesmo dia, Juliana Jayme, Doutora em Ciências Sociais/UNICAMP, expôs a pesquisa “Mulheres da “zona grande”. Negociando identidade, trabalho e território”, que foi realizada com a colaboração da Pastoral da Mulher de Belo Horizonte, e destacou que a grande rotatividade dos hotéis dificulta que as mulheres se fortaleçam como grupos para reivindicar melhorias nas condições de trabalho e denunciar as violações de direitos que sofrem no exercício da prostituição.
Denise de Paulo, integrante da Executiva Estadual do Movimento Nacional das Entidades Negras, representou o Coletivo de Mulheres Negras de Minas Gerais, falou do imaginário popular que “pesa sobre a mulher negra desde a senzala como objeto de prazer do ‘sinhozinho’”. Ressaltou ainda que, apesar das lutas e vitórias em favor da causa negra, ainda há muito para conquistar.

Dando continuidade ao seminário, no dia 19/11, Lilian, integrante do Grupo Começar de Novo – grupo que conta com o apoio da Pastoral da Mulher de Belo Horizonte, falou de suas experiências enquanto trabalhava na prostituição e as possíveis doenças que a mulher na atividade pode adquirir por falta de informações, cuidados com a saúde e muitas vezes por baixa auto estima. Lilian reforçou que a maior dificuldade é ter que esconder da família a atividade que realiza. “Eu paguei muito bem pelo silêncio de minha família. O fogão novo, a geladeira, a reforma da casa... A família é o maior gigolô da mulher”, comentou Lilian.
Após a fala de Lilian, foi exibido o filme “O que a vida fez da gente, o que a gente fez da vida”, produzido pela Pastoral da Mulher BH em parceira com o UNODC – Escritório das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime. O filme traz as histórias de várias mulheres que são atendidas pela Pastoral, buscando ressaltar suas lutas para superar as dificuldades cotidianas.
Na mesma tarde, Alessandra Sampaio Chacham – professora de sociologia da PUC Minas palestrou sobre o tema: “A Saúde da Mulher Prostituta”. O desenvolvimento da palestra aconteceu por meio das experiências acumuladas nos Projetos do qual a mesma foi integrante: “Na Batalha pela Saúde” e “LEDA – nas ruas, pela vida”. O enfoque principal foi a prevenção de DST/AIDS no exercício da prostituição.

Em seguida, Isabel Cristina Brandão Furtado, Psicóloga e integrante da Pastoral da Mulher de BH, desenvolveu o tema: “Saúde Mental e Cidadania”. Falou da importância dos primeiros cuidados na infância para construção da identidade e desenvolvimento da cidadania na vida adulta. Ressaltou que a autoconfiança, o auto respeito e autoestima são fundamentais para que a pessoa se reconheça como sujeito político e cidadão.

No dia 20/11, o seminário “Diálogos pela Liberdade: Prostituição e Corporeidade” foi encerrado na sede da Pastoral da Mulher de Belo Horizonte. Desde o período da manhã, a equipe iniciou as atividades com comemoração pelo dia da Consciência Negra. Trabalhando com as mulheres os valores e a beleza da cultura afro, relembrando a luta e resistência do povo negro escravizado. Com músicas africanas, usando turbantes e adereços tradicionais das mulheres africanas, um grupo saiu pelas ruas com o objetivo de relembrar o “20 de novembro”: data de luta e valorização da cultura negra. 


No período da tarde, aconteceu o momento cultural que contou com a apresentação de dança africana por um grupo de Umbanda. Após a apresentação o grupo “Di Lopes e Banda” alegrou e movimentou o encerramento com muita música e dança. A aluna Daiane, da escola de Enfermagem UFMG e seu professor de dança, fizeram uma linda coreografia de samba ensinando as mulheres presentes a sambar.


O espaço de acolhida foi decorado com fotos de mulheres e crianças negras que frequentam a Pastoral, objetos da cultura afro e com a frase: “Não sou descendentes de escravos. Eu descendo de seres humanos que foram escravizados”. (Makota Malvina)


Fonte: AssCom/Pastoral da Mulher de BH

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