Uma em cada três mulheres no mundo é vítima de violência
conjugal, informou nesta sexta-feira, 21, a Organização Mundial da Saúde (OMS),
em uma série de estudos publicados na revista The Lancet. Mesmo com uma atenção
maior ao tema nos últimos anos, a violência contra mulheres e meninas ainda
continua em "níveis inaceitáveis".
No documento, a organização
considera que os esforços realizados são insuficientes.
No mundo, entre 100 e 140 milhões de jovens e mulheres
sofreram mutilações genitais e cerca de 70 milhões de meninas se casaram antes
dos 18 anos - frequentemente sem a sua vontade. Além disso, 7% das mulheres
correm riscos de serem vítimas de casos de violência sexual ao longo da vida.
A OMS afirma que esse tipo de violência, "exacerbada
durante os conflitos e crises humanitárias", tem consequências dramáticas
para a saúde mental e física das vítimas.
"Nenhuma varinha mágica vai poder suprimir a violência
contra as mulheres. Mas temos provas de que são possíveis mudanças em termos de
mentalidade e comportamento. Isso pode ser realizado em menos de uma
geração", explicou Charlotte Watts, professora da Escola de Higiene e
Medicina Tropical de Londres.
Entre as medidas que podem ser adotadas, a organização pede
maior investimento por parte dos Estados e de doadores para diminuir a
discriminação contra mulheres. O estudo destaca que o cenário não se trata
apenas de um problema social e criminal, mas também de um assunto de saúde
pública.
"A área de saúde precisa ser o primeiro contato com uma
mulher vítima de violência física necessita", afirmou a doutora Claudia
García Moreno, responsável pela investigação de violência contra mulheres na
OMS.
Recomendações. O estudo sugere aos gestores públicos,
médicos e órgãos internacionais traz cinco recomendações para acelerar os
esforços contra a violência. Os Estados deveriam reservar mais recursos para o
combate da agressão, tornando o assunto prioridade e reconhecendo que se trata
de um problema para o desenvolvimento e acesso à saúde.
Ao mesmo tempo, todos os elementos que perpetuam a
discriminação entre sexos, como leis e instituições, deveriam ser eliminados. A
promoção da igualdade, os comportamentos não violentos e a não estigmatização
das vítimas é uma necessidade, segundo os pesquisadores. Além disso, devem ser
criadas leis preventivas em saúde, segurança, educação e justiça, que
permitirão uma evolução das mentalidades e ações.
Por último, a OMS pede que os países priorizem os estudos de
mapeamento da violência e ponham em prática com maior rapidez as medidas se
revelem mais eficazes na luta contra a discriminação entre sexos.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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