"Quero que minha árvore seja feita de silêncios.
Silêncios que façam intuir felicidade, contentamento, sorrisos sinceros.
Neste Natal não quero mandar cartões. Tenho medo de frases
prontas. Elas representam obrigação sendo cumprida. Prefiro a gratuidade do
gesto, o improviso do texto, o erro de grafia e o acerto do sentimento.
Neste Natal quero descansar de meus inúmeros planos. Quero a
simplicidade que me faça voltar às minhas origens. Não quero muitas luzes.
Quero apenas o direito de encontrar o caminho do presépio para que eu não perca
o menino Jesus de vista.
Quero um natal sem Papai Noel. Papai Noel faz muito barulho
quando chega. Ele acorda o menino Jesus, o faz chorar assustado. Os pastores
não. Eles chegam silenciosos. São discretos e não incomodam...Os presentes que
trazem nos recordam a divindade do menino que nasceu. São presentes que nos
reúnem em torno de uma felicidade única.
Quero dividir com Maria os cuidados com o pequeno menino.
Quero cuidar dele por ela. Enquanto eu cuido dele, ela pode descansar um
pouquinho ao lado de José.
Descubram a beleza que as dispersões deste tempo insistem em
esconder. Fechem as suas chaminés. Visita que verdadeiramente vale à pena chega
é pela porta da frente.
Na noite de Natal fujam dos tumultos e dos barulhos.
Descubram a felicidade silenciosa. Ela é discreta, mas existe! Eu lhes
garanto!Não tenham a ilusão de que seu Natal será triste porque será pobre. Há
mais beleza na pobreza verdadeira e assumida que na riqueza disfarçada e
incoerente.
E não se surpreendam, se com isso, a sua noite de Natal
tornar-se inesquecível. "
Padre Fábio de Melo
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