O comentarista Carlo Germani nos manda um importante artigo,
mostrando que a Holanda, um dos países mais liberais do mundo, está em crise
com seus próprios conceitos. O país que legalizou a eutanásia, o aborto, as
drogas, o “casamento” entre homossexuais e a prostituição reconhece que essa
posição não melhorou o país. Ao contrário: aumentou seus problemas.
Em matéria publicada na revista Veja, sob o título “Mudanças
na vitrine”, o jornalista Thomaz Favaro ressalta que, desde que a prostituição
e as drogas foram legalizadas, tudo mudouem De Wallen, famoso bairro de
Amsterdã, capital holandesa, onde a tolerância era aceita.
MUDANÇAS NA VITRINE
“A região do De
Wallen afundou num tal processo de degradação e criminalidade que o governo
municipal tomou a decisão de colocar um basta. Desde o início deste ano, as licenças
de alguns dos bordéis mais famosos da cidade foram revogadas. Os coffee shops
já não podem vender bebidas alcoólicas nem cogumelos alucinógenos, e uma lei
que tramita no Parlamento pretende proibi-los de funcionar a menos de 200
metrosdas escolas. Ao custo de 25 milhões de euros, o governo municipal comprou
os imóveis que abrigavam dezoito prostíbulos. Os prédios foram reformados e as
vitrines agora acolhem galerias de arte, ateliês de design e lojas de artigos
de luxo”.
A matéria destaca ainda que a legalização da prostituição na
Holanda resultou “na explosão do número de bordéis e no aumento da demanda por
prostitutas”. Nos primeiros três anos de legalização da prostituição, aumentou
em 260% o tráfico de mulheres no país. E a legalização da maconha? Fez bem?
Também não.
“O objetivo da descriminalização da maconha era diminuir o
consumo de drogas pesadas. Supunham os holandeses que a compra aberta tornaria
desnecessário recorrer ao traficante, que em geral acaba por oferecer outras
drogas. (…) O problema é que Amsterdã, com seus coffee shops, atrai ‘turistas
da droga’ dispostos a consumir de tudo, não apenas maconha. Isso fez proliferar
o narcotráfico nas ruas do bairro boêmio. O preço da cocaína, da heroína e do
ecstasy na capital holandesa está entre os mais baixos da Europa”, afirma a
matéria de Veja.
O criminologista holandês Dirk Korf, da Universidade de
Amsterdã, afirma: “Hoje, a população está descontente com essas medidas
liberais, pois elas criaram uma expectativa ingênua de que a legalização
manteria os grupos criminosos longe dessas atividades”. Pesquisas revelam que
67% da população holandesa é, agora, a favor de medidas mais rígidas. E ainda
tem gente que defende que o Brasil deve legalizar a maconha, o aborto (no
editorial passado, vimos o caso de Portugal), a prostituição etc, citando a
Holanda e outros países como exemplo de “modernidade”.
Veja o caso da Suíça. Conta Favaro: “A experiência holandesa
não é a única na Europa. Zurique, na Suíça, também precisou dar marcha a ré na
tolerância com as drogas e a prostituição. O bairro de Langstrasse, onde as
autoridades toleravam bordéis e o uso aberto de drogas, tornara-se território
sob controle do crime organizado. A prefeitura coibiu o uso público de drogas,
impôs regras mais rígidas à prostituição e comprou os prédios dos prostíbulos,
transformando-os em imóveis residenciais para estudantes. A reforma atraiu
cinemas e bares da moda para o bairro”.
E a Dinamarca? “Em Copenhague, as autoridades fecharam o
cerco ao Christiania, o bairro ocupado por uma comunidade alternativa desde
1971. A venda de maconha era feita em feiras ao ar livre e tolerada pelos
moradores e autoridades, até que, em 2003, a polícia passou a reprimir o
tráfico de drogas no bairro. Em todas essas cidades, a tolerância em relação às
drogas e ao crime organizado perdeu a aura de modernidade”.
Fonte: www.tribunadaimprensa.com.br
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