O Brasil emitiu um mandado de captura contra o empresário
Bento dos Santos 'Kangamba', acusando-o de chefiar uma rede de tráfico de
brasileiras.
"O Estado [de São Paulo] apurou que, na 'Operação
Garina' deflagrada nessa quinta-feira, 24, a Polícia Federal pediu e a Justiça
concedeu a prisão do general Bento dos Santos 'Kangamba', caso ele desembarque
no Brasil, e incluiu seu nome e o de um comparsa na lista de procurados da
Interpol", escreve o jornal brasileiro na edição de hoje.
No texto do "Estadão", acrescenta-se que "o
general é dirigente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), mesmo
partido do presidente, e tem influência no governo por meio de sua mulher, uma
filha de Avelino dos Santos, irmão do presidente".
Esta não é a primeira vez que o nome do empresário aparece
nas páginas dos jornais internacionais, que o dão como envolvido em casos de
polícia: em junho, foi também notícia em França, estando envolvido numa
investigação em curso sobe a posse de elevadas quantias de dinheiro não
declarado, e nesse mesmo mês foi também noticiado que comprou uma casa no mesmo
condomínio privado do internacional português Ronaldo, em Madrid.
Em Portugal, a ligação empresarial deste dono único do
campeão nacional de futebol de Angola, o Kabuscorp, passa também por ser o
principal patrocinador do Vitória de Guimarães, que aliás tem as iniciais 'B K'
estampadas nas camisolas de jogo, havendo um protocolo entre os dois clubes de
futebol.
Na quinta-feira, a Polícia Federal brasileira desarticulou
uma rede de tráfico internacional de mulheres que levava brasileiras para
Angola, onde eram oferecidas a clientes de alto poder económico, informou
aquela força.
A 'Operação Garina' (menina, na gíria angolana), levou à
prisão de cinco pessoas (três brasileiros e dois estrangeiros) envolvidas no
processo e à execução de outros onze mandados de busca e apreensão nas cidades
de São Paulo, São Bernardo do Campo, Cotia e Guarulhos, todas no estado de São
Paulo, na região sudeste do Brasil.
As mulheres eram aliciadas em casas noturnas de São Paulo
pelos membros da rede, que ofereciam 10 mil dólares (7.290 euros) para que elas
se prostituíssem por uma semana em Angola.
A investigação acredita que os criminosos movimentaram cerca
de 45 milhões de dólares (14,7 milhões de euros) com o tráfico internacional
destas mulheres, nos últimos seis anos.
Para além deste caso, o nome de Bento dos Santos 'Kangamba'
está também envolvido noutro processo em França. A 14 de junho, a polícia
alfandegária francesa apreendeu perto de 3 milhões de euros encontrados no
porta-bagagens de dois Mercedes de matrícula portuguesa, e deteve cinco
indivíduos, de nacionalidade portuguesa, angolana e cabo-verdiana, acusados de
branqueamento de capitais e crime organizado, segundo o jornal La Provence.
Os automóveis saíram de Portugal com destino ao Mónaco,
tendo sido apreendidos em duas operações distintas. Quatro indivíduos
apresentaram-se na esquadra de Montpellier para libertar os ocupantes detidos
da segunda viatura e recuperar o dinheiro, tendo sido também detidos.
Um deles era portador de 60 mil euros e de um cartão
bancário em nome do general Bento dos Santos 'Kangamba' e outro reclamou 100
mil euros do montante apreendido, que se destinaria a gastos de jogo no casino
Metrópole no Mónaco.
"O Bento [Kangamba] explicou-me que as apostas nos
casinos do Mónaco são muitos elevadas e podemos chegar a gastar oito mil euros
em cinco minutos", justificou o angolano José Francisco.
A justiça de Marselha tenta desvendar um caso de lavagem de
dinheiro e crime organizado, mas os advogados dos acusados pretendem reduzir a
única infração aduaneira pelo facto do montante não ter sido declarado, medida
necessária para o transporte de valores acima dos 10 mil euros.
Fonte:www.economico.sapo.pt
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