Para conquistar o primeiro emprego com carteira assinada, Simone, que estudou até a oitava série, passou por um curso de qualificação do Pronatec, entre fevereiro e abril deste ano.
Depois de quatro anos como beneficiária do Bolsa Família, a
família da ex-dona de casa e agora pedreira Simone Nunes Vieira, 31 anos, vai
trocar o auxílio mensal de R$ 166 por uma renda próxima a R$ 2 mil. Esta é a
renda que ela e o marido Luiz, funcionário do depósito de uma empresa de
materiais, passam a auferir com os empregos atuais em Guaíba, cidade para a
qual mudaram há três anos, vindos de Camaquã, também no Rio Grande do Sul.
"Nosso próximo sonho agora é conquistar a casa própria", revela
Simone, manifestando a intenção de se cadastrar em outro programa do governo
federal, o Minha Casa, Minha Vida. Na nova fase, o casal terá de deixar os
filhos de nove, oito e dois anos com uma tia das crianças e uma vizinha.
Para conquistar o primeiro emprego com carteira assinada,
Simone, que estudou até a oitava série, passou por um curso de qualificação do
Pronatec, entre fevereiro e abril deste ano. Depois, ao saber do cadastramento
para a obra da CMPC Celulose Riograndense, candidatou-se a uma vaga em um posto
do Sine. Foi chamada há poucos dias e deve começar até o final de agosto.
"Não sei ainda qual será exatamente minha tarefa, mas estou animada",
afirma.
Também morador de Guaíba, Valdeci Rodrigues da Silva, 47
anos, com ensino fundamental completo, fez o curso de pedreiro oferecido pelo
Pronatec e foi chamado para a obra da ampliação da papeleira. Graças a isso vai
trocar o serviço de construção de casas, que já faz, como autônomo, pelo
emprego com carteira assinada e benefícios sociais existentes.
"Esse é o grande diferencial", afirma. "Meu
projeto agora é juntar algum dinheiro e entrar no Minha Casa, Minha Vida."
O movimento mostra, ainda, a percepção de que a oferta de empregos está
aquecida, sobretudo para quem se qualificou, ao ressaltar que "para quem
gosta de trabalhar este é o melhor momento, principalmente na construção
civil".
Em Gravataí, a dona de casa Tereza Lucia Dias Pereira, de 57
anos, decidiu tomar o ônibus oferecido pelo programa de busca ativa de
trabalhadores da empresa, prefeituras e governo do Estado e foi ao centro da
cidade se inscrever para uma vaga na obra de Guaíba, sob chuva gelada e
temperatura inferior a dez graus, na sexta-feira.
Estudante da sétima série do ensino fundamental, sem
qualificação profissional formal, beneficiária do Bolsa Família, ela foi
avisada da oferta de empregos por agentes da secretaria municipal de
Assistência Social e foi à luta.
Disposta a trocar o auxílio de R$ 162 mensais por um salário
de emprego formal, Tereza diz que está disposta a fazer qualquer coisa para a
qual esteja habilitada, desde que não perca as aulas no colégio.
"Para que vou querer Bolsa Família se eu conseguir um
trabalho com renda melhor", questiona.
Desempregado, o pintor Antônio José Branco, 40 anos, soube
pelo carro de som que passou em seu bairro da procura por trabalhadores e
também aproveitou o ônibus disponível para ir ao centro de Gravataí faz fazer
sua inscrição. "O salário seria razoável se considerarmos a oferta de
transportes e benefícios sociais", avalia, esperando a convocação para as
próximas semanas.
Outro morador de Gravataí, o auxiliar de produção Claudio
Ferreira, 40 anos, recebeu o panfleto distribuído na cidade e se inscreveu para
uma vaga. "A expectativa é boa", disse, sorrindo, ao deixar o posto
de cadastramento.
Fonte: O Estado de São Paulo
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