Pela movimentação que está ocorrendo nas redes sociais, o
Dia da Independência do Brasil, neste sábado, 07 de setembro, promete reviver o
auge das manifestações que tomaram as ruas do país em junho deste ano.
A maior
delas aparentemente, organizada pelo movimento Anonymous, o que favorece uma
série de especulações de que se trataria de um movimento de direita, ligado a
partidos políticos, golpista, anarquista e mesmo comunista, chamada Operação 07
de Setembro (OP7), já conta com a confirmação de quase 390 mil entre mais de 5
milhões pessoas convidadas. Por meio de convocações nas redes sociais, cerca de
140 cidades de 26 estados estão organizando protestos, sendo a maioria no
Estado de São Paulo e uma no exterior, em Christchurch, na Nova Zelândia.
Apenas o Maranhão não confirmou sua participação na Operação.
Na página da OP7 no Facebook, os organizadores,
identificados apenas como Anonymous, reforçam que as atividades são
suprapartidárias. "A OP7 recebe acusações de todos os lados, alguns dizem
que ela é de direita, outros dizem que é de esquerda, dizem que é ligada a
partidos, dizem que desejamos intervenção militar e outros dizem que desejamos
um golpe comunista. Essa pluralidade de acusações contraditórias só vem
confirmar a falsidade de todas elas”, enfatizam. O fato é que grande parte das
postagens dos participantes do evento tem um teor claramente contra o Partido
dos Trabalhadores (PT) e a presidenta Dilma Rousseff.
De forma um tanto contraditória, ao mesmo tempo em que os
organizadores afirmam que todos os partidos podem se identificar com as causas
dos protestos, nenhum pode ser considerado dono das mesmas, e se houver alguma
bandeira, que seja as das reivindicações populares. Há ainda uma orientação de
que não haja rejeição contra os partidos durante os protestos. Além disso,
"qualquer ato fascista ou conclamando um golpe militar, que
disfarçadamente é chamado de intervenção militar, não faz parte da real ideia
da Operação Sete de Setembro. A Operação não é de esquerda, direita ou centro,
não tem partidos, não tem bandeiras, não tem siglas”, ressaltam.
As pautas que serão levadas à OP7 foram escolhidas em
votação aberta com os participantes da página do evento no Facebook. São as
seguintes: prisão dos mensaleiros, em referência ao julgamento da Ação Penal
470, conhecida como Mensalão, que condenou 25 pessoas, entre elas nomes do alto
escalão do PT, como José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares; nova redação
para o art. 45 da Constituição Federal, que limita em 250 o número de deputados
que integram a Câmara Federal e cria normas para que nenhuma unidade da
Federação fique com menos de quatro ou mais de 30 representantes; reforma
tributária; fim do voto obrigatório; e aprovação do Projeto de Lei que cria o
Plano Nacional de Educação (PNE).
Altamiro Borges, jornalista e presidente do Centro de
Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, alerta em artigo que a OP7 pode
estar sendo articulada por grupos direitistas. Para ele, a movimentação não tem
nada de "espontânea”, como pregam os organizadores. "A página do
grupo é bem profissional – com um vídeo incendiário, áudios e outros recursos
multimídias”, que podem inclusive ser baixados para reprodução, como panfletos
e folders.
Numa outra trincheira, os black blocs, de tendência
anarquista e que preferem não ser reconhecidos como grupo ou movimento, e sim
como uma tática de manifestação, também convocam seus seguidores para se
juntarem aos protestos do dia 07 de setembro. A participação dos black blocs,
com suas máscaras e táticas de guerrilha, promete aumentar a tensão entre
manifestantes e polícia. Em vídeo divulgado nas redes sociais, um dos
integrantes convida para os protestos e alerta que só haja conflito se for em
reação a uma possível manifestação violenta por parte da polícia.
Não à toa, o governo já vem se preparando para lidar com as
manifestações, em especial com a OP7, convocada pelo movimento Anonymous.
Segundo informações da imprensa, a inteligência governamental acompanha de
perto a movimentação em torno dos organizadores dos protestos. A grande
preocupação se justifica pela queda brusca na aprovação do governo da presidenta
Dilma após as manifestações ocorridas em junho. Em Brasília, deverá haver ações
de protesto durante o tradicional desfile da Independência, cuja não presença
da presidenta já foi inclusive cogitada. Haverá reforço da segurança.
Entre os grupos que convocam a população para os protestos
do dia 07 de setembro, além do Anonymous e Black blocs, há o Fidare (Filhos da
Revolução), que seriam ligados ao Anonymous; o Brazil no Corrupt, que defende a
volta do regime militar e tem apoio o deputado federal Jair Bolsonaro (PP); o
Dia do Basta, declarado apartidário e cuja principal bandeira é o combate à
corrupção e à impunidade. Militantes do PT também estão organizando atos em
todo o Brasil.
Autor: Benedito Teixeira
Fonte: Adital
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