sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Oaxaca - Com mais de 170 feminicídios, organizações pedem atuação do governo e atenção da sociedade


A vida de mulheres e meninas no estado mexicano de Oaxaca continua em situação de desproteção e vulnerabilidade. Isso é o que se pode constatar através do Informe Cidadão Justiça Já! Feminicídio e violência contra as mulheres em Oaxaca, a dois anos do governo da alternância 2011-2012, que revela o contínuo aumento no assassinato de mulheres e meninas e constantes violações de seus direitos.

O documento publicado pelo Coletivo Huaxyacac revelou que nos últimos dois anos foram registrados 173 casos de feminicídios em Oaxaca. Isso demonstra que a alternância política no estado não contribuiu para a redução dos assassinatos de mulheres e crianças. Pelo contrário, o número destes crimes aumentaram cerca de 50% se comparado aos 115 casos registrados durante a gestão anterior (Ulises Ruiz 2009-2010).

De acordo com o Informe, a violência familiar e os ataques e abusos sexuais continuam sendo os maiores dramas na vida de mulheres e meninas oaxaquenhas. O documento alerta que a constante repetição dos atos de violência contra mulheres acabam sendo vistos como "normais e aceitáveis” pela sociedade. "Este tipo de violência é muito mais frequente do que aparece nas estatísticas, assim como uma das que menos se denunciam e das mais estigmatizadas pela sociedade e pelos servidores públicos, pois se tem a mal fundada crença de que é a mulher quem a "provoca”.

O Informe Cidadão Justiça Já! relata ainda casos de violência obstétrica, onde se violam sistematicamente os direitos humanos na hora de atenção do parto e nascimento, não respeitando a integridade corporal da mulher. Há também casos de desaparições que, de acordo com estudos, estão ligadas às redes de tráfico de pessoas para fins de exploração sexual, e casos de suicídios, considerados como fruto da violência de gênero.

Devido a estes resultados, organizações sociais em defesa das mulheres fazem um alerta e chamam a atenção para a necessidade de sensibilização e consciência social "para não permitir a normalização e a aceitação passiva de atos dolorosos e indignantes contra mulheres e meninas”.

Também recomendam que o governo reforme políticas em defesa da vida das mulheres de forma efetiva, e reconheça a necessidade de tomar providências a respeito da violência obstétrica, sobretudo nos casos de partos cesáreos desnecessários. A capacitação de profissionais tanto na área de saúde quanto na área jurídica, além da aplicação de políticas públicas de "Tolerância Zero para a Violência de Gênero no Governo Estatal” também são recomendações apontadas no documento.

As organizações exigem ainda que se estabeleça um sistema único de registro e informação que permita fazer um acompanhamento e levantamento de dados sobre os casos de violência contra mulheres. Além disso, apontam para a urgência de se tornar obrigatório que os agressores sejam punidos e participem de programas reeducativos nos Centros de Reeducação para Agressosres, já previsto na Lei de Acesso para as Mulheres a uma vida livre de violência de gênero.
Fonte: Adital

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