A Pastoral da Mulher de BH, através de Isabel Cristina Brandão e a
Ir. Priscilla Fernandes, participou
ontem (30/03), do Ciclo de Debates pela
Vida das Mulheres, realizado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
A cobrança por maior presença
feminina nas instâncias de poder foi um dos destaques deste encontro. Ao longo da tarde, o evento reuniu
especialistas, autoridades e representantes do movimento feminista na
Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
"A presença de uma mulher na
Mesa da ALMG evidenciaria a participação efetiva das mulheres nas tomadas de
decisão", opinou a presidente do Conselho Estadual das Mulheres, Larissa
Amorim Borges. De acordo com ela, todos os espaços da sociedade precisam ser
usados para educar homens e mulheres no entendimento de que o feminismo garante
direitos iguais a todos.
Representando a comissão
organizadora do evento, Maria Isabel Bebela Ramos de Siqueira compartilhou do
sentimento da colega. “Não podemos retroceder. A criação de uma frente
parlamentar que lute pelos direitos das mulheres e a aprovação da Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 16/15 são medidas que hoje consideramos essenciais
para a nossa luta”. A PEC 16/15 tem o objetivo de garantir a presença de pelo
menos uma mulher na Mesa da ALMG.
A criação da frente parlamentar
também foi medida destacada pela deputada Marília Campos (PT). “Todos os dias
eu faço um esforço muito grande para não me intimidar aqui, um ambiente muito
masculino, como toda a política brasileira. Precisamos de uma reforma política
séria, que traga a cota alternada de homens e mulheres, para garantir mais
representantes femininas no Parlamento”, defendeu.
A secretária de Estado de
Educação, Macaé Evaristo, frisou que o momento político atual é de retrocesso
no que diz respeito aos direitos humanos. “Com a aprovação do teto de gastos
públicos federais, os investimentos em educação ficarão congelados nos próximos
20 anos. As reformas da Previdência e trabalhista são políticas de extermínio
de mulheres, já que ficaremos sem aposentadoria e sem vínculo empregatício”,
alertou.
A deputada federal Jô Moraes
(PCdoB-MG) também foi incisiva em sua crítica aos projetos de terceirização e
de reforma da Previdência. “Estamos enfrentando perdas das mais graves: não
temos mais a Secretaria Nacional de Mulheres. Mas somos teimosas na busca de um
mundo novo. Ninguém nos parará!”, acrescentou.
Presidindo a abertura do evento,
a deputada Celise Laviola (PMDB) falou do compromisso da ALMG de lutar
permanentemente por uma sociedade mais justa e fraterna. Ela lembrou a
realização de ciclos de debates em defesa das mulheres em 2015 e 2016 e a
atuação da Comissão Extraordinária das Mulheres, encerrada no final do ano
passado.
A deputada Ione Pinheiro (DEM)
lembrou que, a cada hora, 15 mulheres mineiras são agredidas. Já a deputada
Rosângela Reis (Pros) ressaltou os diversos tipos de violência que as mulheres
vivenciam no dia a dia. “Apesar de já estarmos em diversos espaços, ainda
precisamos romper paradigmas nas relações sociais. Temos que buscar igualdade,
justiça e dignidade”, defendeu a parlamentar.
Desconstrução do machismo é tarefa de todos
A superintendente de Modalidades
e Temáticas Especiais de Ensino da Secretaria de Estado de Educação, Iara Pires
Viana, iniciou o primeiro painel do evento - “A importância das discussões
relativas a gênero e do enfrentamento da cultura do machismo na educação”.
Iara começou sua exposição
desconstruindo mitos sobre a violência doméstica. Ela rebateu, por exemplo, a
ideia de que a violência familiar é rara, restrita a pessoas doentes ou com
distúrbios mentais. “A mulher é criada para achar que deve servir ao marido, e
por isso, muitas vezes é levada a assumir a culpa pela violência que sofreu”,
comentou.
A superintendente também
ressaltou que é papel da escola e da sociedade fomentar discussões relativas a
gênero e ao enfrentamento da cultura do machismo. “A violência que acontece na
escola nada mais é do que a violência da sociedade. A escola sozinha não dá
conta do processo de desconstrução (da violência). Todos precisam e devem
participar”, defendeu.
A presidente do Sindicato dos
Professores (Sinpro-MG), Valéria Morato, reforçou que “questão de gênero é
questão de direitos humanos” e fez uma provocação sobre o papel da escola:
“Estamos reproduzindo o machismo ou trabalhando para transformar a
realidade?".
Na sua avaliação, é preciso
oferecer uma educação mais progressista, para que os homens se coloquem nos
lugares das mulheres. "O assunto precisa ser abordado nas diversas
disciplinas e a resistência ao tema poderia ser superada com mais investimentos
na formação dos educadores”, argumentou.
Valéria pediu melhor preparo das
pessoas que atendem a mulheres em situação de violência. “O Brasil, numa lista
de 83 países, ocupa o triste 5º lugar na taxa de violência contra as mulheres.
Precisamos parar de culpabilizar as mulheres pelas situações de violência
sofridas”, completou.
Protesto - Antes do ciclo de debates, participantes do evento,
entre as quais a deputada Marília Campos, fizeram um ato de repúdio ao
machismo, na entrada do Palácio da Inconfidência.
Com informações da ALMG
Nenhum comentário:
Postar um comentário