Presença das garotas de programa
é maior perto do Museu de Arte, na altura do bairro Jardim Atlântico.
No calçadão, ciclistas,
corredores, adeptos da caminhada e famílias que só querem aproveitar o cenário.
Do outro lado da avenida Otacílio Negrão de Lima, garotas de programa que não
se importam com a claridade das manhãs. A prostituição na orla da lagoa da
Pampulha não é novidade, mas segundo moradores, tem aumentado, principalmente
em horários pouco convencionais.
A maior parte delas fica próximo
ao Museu de Arte, que sediou, em dezembro passado, a cerimônia do anúncio
oficial da candidatura do Conjunto Moderno da Pampulha ao título de patrimônio
cultural da humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco). Na última terça-feira, por volta das 11h, a
reportagem esteve no local e constatou ao menos dez prostitutas em uma extensão
de 3 km, uma delas a 50 m de uma delegacia de polícia.
A bancária Sanja Corrêa, 30,
costuma pedalar diariamente na orla e sempre estranha a presença das mulheres.
“Já vi umas cinco no caminho. Eu não me incomodo, mas acho estranho, porque a
lagoa é turística e é um lugar bem familiar”, afirmou Sanja. Um comerciante da
região, que pediu para não ter a identidade revelada, confirmou vê-las com
frequência na altura do bairro Jardim Atlântico. “Tem gente que acha ruim, acha
errado. Eu não ligo”.
Discrição. Algumas destoam do
vestuário de quem se exercita na região, pois usam saia, casaco ou calça comprida.
Outras já estão com roupa de academia, para onde vão no fim da tarde ao largar
o trabalho, como apurou a reportagem. Cobrando R$ 50, R$ 70, R$ 80 ou até R$
100, elas têm em comum a atenção dos motoristas que passam pela avenida e
recorrem ao serviço em motéis da avenida Portugal e outros da própria região.
“Já faz tanto tempo que isso
ocorre que até me acostumei. Elas não trazem nada de problema, só me incomoda
porque choca um pouco”, disse a aposentada Maria Auxiliadora Freitas Castro,
75, moradora da orla. É o que pondera Flávio Marcus Ribeiro de Campos,
presidente da Associação Amigos da Pampulha (Apam). “Incomoda porque as
crianças ficam expostas a isso, às vezes você vê as garotas e as travestis
fazendo gestos, é um problema antigo que está aumentando. Gostaríamos que fosse
encontrada uma solução comum, um consenso entre as partes”.
Responsável pelo patrulhamento da
região, o tenente Israel Gonçalves, da 15ª Cia da Polícia Militar, informou que
a situação não é passível de intervenção policial por estar respaldada
juridicamente. “Não fazemos nada enquanto elas obedecem às normas penais e
legais. Atuamos quando há algum distúrbio de paz”.
Pesquisa
Visão. Para a doutoranda em
direito Cynthia Semíramis, “o imaginário popular associa erroneamente sexo a
atividades ilícitas. As prostitutas não querem ser confundidas com quem comete
crimes”.
Fonte: O Tempo
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