A afirmação de Jesus é clara. O amor é tudo. O decisivo na
vida é amar. Ali está o fundamento de tudo. O primeiro é viver ante Deus e ante
os demais numa atitude de amor. Não devemos perder-nos em coisas acidentais e
secundárias, esquecendo o essencial. Do amor parte todo o resto. Sem amor tudo
fica pervertido.
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de
Jesus Cristo segundo Mateus 22, 30-40 que corresponde ao 30º Domingo do Tempo
Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta
o texto.
Eis o texto
A religião cristã
apresenta-se para muitos como um sistema religioso difícil de entender e,
sobretudo, um enredado de leis demasiado complicadas para viver corretamente
ante Deus. Não necessitaremos, nós cristãos, concentrar muito mais a nossa
atenção em cuidar antes de mais nada do essencial da experiência cristã?
Os evangelhos recolheram a resposta de Jesus a um setor de
fariseus que lhe perguntam qual é o mandamento principal da Lei. Assim resume
Jesus o essencial: o primeiro é “amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu
coração, com toda a tua alma e com todo o teu ser”; o segundo é “amarás o teu
próximo como a ti mesmo”.
A afirmação de Jesus é clara. O amor é tudo. O decisivo na
vida é amar. Ali está o fundamento de tudo. O primeiro é viver ante Deus e ante
os demais numa atitude de amor. Não devemos perder-nos em coisas acidentais e
secundárias, esquecendo o essencial. Do amor parte todo o resto. Sem amor tudo
fica pervertido.
Ao falar do amor a Deus, Jesus não está a pensar nos
sentimentos ou emoções que podem brotar do nosso coração; tampouco nos está a
convidar para multiplicar as nossas rezas e orações. Amar o Senhor, nosso Deus,
com todo o coração é reconhecer Deus como Fonte última da nossa existência,
despertar em nós uma adesão total à Sua vontade e responder com fé
incondicional ao Seu amor universal de Pai de todos.
Por isso junta Jesus um segundo mandamento. Não é possível
amar Deus e viver de costas aos Seus filhos e filhas. Uma religião que predica
o amor a Deus e se esquece dos que sofrem é uma grande mentira. A única postura
realmente humana ante qualquer pessoa que encontramos no nosso caminho é amá-la
e procurar o seu bem como queremos para nós mesmos.
Toda esta linguagem pode parecer demasiado velha, demasiado
gasta e pouco eficaz. No entanto, também hoje o principal problema no mundo é a
falta de amor, que vai desumanizando, uns atrás dos outros, os esforços e as
lutas para construir uma convivência mais humana.
Há uns anos, o pensador francês Jean Onimus escrevia assim:
“O cristianismo está todavia nos seus começos; leva-nos trabalhando só há dois
mil anos. A massa é pesada e são necessários séculos de amadurecimento antes
que a caridade a faça fermentar”. Nós seguidores de Jesus não devemos nos
esquecer da nossa responsabilidade. O mundo necessita de testemunhos vivos que
ajudem as futuras gerações a acreditar no amor, pois não há um futuro de
esperança para o ser humano se acaba por perder a fé no amor.
Fonte: Ihu
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