Pela internet, campanha incentiva a denúncia dos casos de
assédio sexual e cantadas em lugares públicos.
Enquanto algumas mulheres fazem um esforço para vencer o
medo e prestar queixa de assédio sexual em casa, nas ruas ou no trabalho, e,
principalmente depois que os casos de "encoxamento" no transporte
público brasileiro vieram à tona, o que surge agora é um mapa virtual mostrando
os lugares mais perigosos para as mulheres no quesito assédio.
A iniciativa é o think tank Think Olga, um coletivo
comandado por mulheres que, no ano passado, lançou a campanha "chega de
fiu-fiu". Por meio de uma pesquisa de alcance nacional, a campanha
denunciou o quanto as mulheres simplesmente não gostam, não acham legal e não
querem ser incomodadas nas ruas com as cantadas dos homens que, muitas vezes,
são verdadeiros casos de assédio sexual.
Lançado neste mês, o mapa é um segundo passo dessa pesquisa
que "luta contra o assédio sexual em locais públicos". Depois de
constatar o quanto as mulheres se incomodam nas ruas, agora elas podem apontar
em quais cidades e regiões os ataques são mais comuns e tipificar o assédio.
É preciso entrar no site e usar as seguintes categorias para
classificar o tipo de assédio: assédio verbal, assédio físico, ameaça,
intimidação, atentado ao pudor (masturbação em público), estupro, violência
doméstica e exploração sexual. Além disso, é possível incluir as categorias de
crime como racismo, homofobia e transfobia para compartilhar sua história ou
mesmo denunciar algo que viu. Por meio do Google maps, os mapas do Google, é
possível apontar exatamente onde o crime ocorreu.
Além de fazer uma denúncia, também é possível consultar uma
cidade brasileira e saber o quão insegura ela é para as mulheres de acordo com
a quantidade de depoimentos. O mapa embora seja uma iniciativa inédita no
Brasil, é uma ideia difundida em outros lugares no mundo, como nos Estados
Unidos, por meio da Hollaback, por exemplo, entidade que luta contra o assédio
às mulheres nas ruas por meio de campanhas e pesquisas parecidas com as do
Think Olga.
Chega de fiu-fiu
A pesquisa "Chega de fiu-fiu", realizada em agosto
do ano passado com mais de 7.000 mulheres brasileiras constatou, entre outros
dados, que 83% das mulheres não acham a cantada algo legal, 33% delas já
receberam cantadas no trabalho, 81% já deixaram de fazer algo como, por
exemplo, passar na frente de uma obra, por medo de assédio, 90% já trocaram de
roupa antes de ir a algum lugar pensando no medo do assédio, apenas 27%
responderam aos assédios que ouviram na rua e 68% já foram xingadas porque
disseram não às cantadas de alguém. "Mal comida" e "gorda"
foram alguns dos xingamentos recebidos.
Os números, embora preocupantes, ficam pequenos quando se
aproximam dos depoimentos que podem ser lidos no mesmo site. Agora, por meio do
mapa, será possível um olhar mais real para cobrar por uma solução.
Fonte: El Pais
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